Noronha é destino também para viajantes de fim de semana; veja roteiro

Morro Dois Irmãos é um dos principais cartões postais de Noronha. Vista é do mirante na trilha que pode ser acessada no PIC Sancho/Golfinho. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Promoções cada vez mais constantes de passagens aéreas têm incluído Fernando de Noronha nos destinos com desconto, em voos que saem de Recife e Natal. Assim, as oportunidades são maiores de conhecer a ilha e, mesmo para quem não tem férias previstas, pode aproveitar um fim de semana para relaxar por lá. Veja um roteiro para poucos dias – mas o ideal é reservar pelo menos sete dias para o arquipélago:

Sexta-feira

É possível ver vários pontos de Noronha do Forte dos Remédios e, por isso, ele é escolhido para o pôr do sol. Foto: Luiz Pessoa/NE10

É possível ver vários pontos de Noronha do Forte dos Remédios e, por isso, ele é escolhido para o pôr do sol. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Todos os voos chegam a Noronha à tarde. Para aproveitar desde os primeiros momentos, tem que deixar as malas na pousada e correr para assistir ao pôr do sol. Alguns dos pontos preferidos são os fortes de São Pedro do Boldró, onde muita gente se reúne após os passeios, e de Nossa Senhora dos Remédios, que tem vista para vários pontos da ilha, além da Praia da Conceição, a mais badalada. Mas antes, se estiver com fome, vale parar na saída do aeroporto para um lanche em Gostosinho, um dos personagens da ilha que gostam de bater papo, contar histórias e dar dicas.

Depois desse espetáculo, que já impressiona e pode causar o tal sentimento de “euforonha“, é hora de provar a gastronomia noronhense. Tem moqueca, ceviche, paella, bolinho de carne de tubarão, camarão empanado com coco, pratos com nomes de famosos, torta de jaca, self service

Forró é o ritmo das noites de sexta no arquipélago. Após o jantar, é hora de ir à festa no Bar do Cachorro, que fica na histórica Vila dos Remédios. São vários estilos – pé de serra, universitário, estilizado – e a entrada custa R$ 20. Mas não vá dormir muito tarde, pois o passeio no dia seguinte começa cedo.

Toda noite tem uma festa em Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Toda noite tem uma festa em Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Sábado

Cachorrão e Cachorrinho afirmam que o Dog Móvel é inclusivo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Cachorrão (à direita) é um dos que fazem o Ilhatour. Foto: Luiz Pessoa/NE10

O Ilhatour é um passeio para quem não conhece Noronha ainda. De buggy, os turistas podem percorrer os lugares mais bonitos da ilha, incluindo as praias, onde há paradas para fotos e banhos de mar. A atividade custa uma média de R$ 150 e é oferecida pelo receptivo Atalaia Turismo. Um dos personagens mais famosos de lá, Cachorrão, também faz o passeio – a ainda provoca boas risadas.

Se você já conhece o arquipélago, há várias opções. Uma delas é, pela manhã, explorar lugares não tão visitados, como a Praia da Atalaia e as enseadas da Caieira e dos Abreus. Mas é bom se programar, pois o horário deve ser reservado na sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na Alameda do Boldró.

Para quem vai só para relaxar no paraíso, uma opção é relembrar quais são as praias que mais gostou e passar a manhã por lá. Algumas dicas são as praias do Sancho e da Cacimba do Padre e a Baía dos Porcos, que não são tão movimentadas.

Panorâmica mostra praias do Mar de Dentro, do Sancho à Cacimba do Padre. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Panorâmica mostra Praia do Sancho, no Mar de Dentro. Foto: Luiz Pessoa/NE10

À tarde, o pôr do sol pode ser no passeio de barco pelo Mar de Dentro, geralmente ladeado pelos golfinhos. A atividade custa cerca de R$ 140. Os mais dispostos têm também a opção de passear pela ilha em bicicletas elétricas alugadas na sede do ICMBio ou fazer trilhas, como a Costa dos Mirantes, que vai até o Mirante dos Golfinhos, seguindo pela encosta até o Dois Irmãos; ou a Capim-Açu, passando pela caverna e por piscinas naturais até chegar à Praia do Leão.

Morro do Pico, ao lado da Praia da Conceição, é outro cartão postal da ilha. Foto: Antônio Melcop/Administração de Fernando de Noronha

Morro do Pico, ao lado da Praia da Conceição, é outro cartão postal da ilha. Foto: Antônio Melcop/Divulgação

A noite pode começar com uma visita ao Projeto Tamar, onde há palestra todos os dias, às 20h. A de sábado é sobre as tartarugas marinhas.

De lá, você pode seguir para o Festival Gastronômico da Pousada Zé Maria. São dezenas de opções, entre peixes, frutos do mar, carne. Há outras dezenas de sobremesas, incluindo tortas e doces. Só não deixe de comer a paella e o brownie, que são os clássicos.

Quem ainda tiver disposição segue para o reggae no Muzenza, localizado na Vila dos Remédios. Mas o ritmo jamaicano não é o único na festa, onde rock, pop e MPB também têm vez. A entrada custa R$ 20.

Domingo

O passeio de barco pode ser a escolha para os visitantes que fizeram o Ilhatour no sábado. Vale a atividade como uma visita às praias do Mar de Dentro ou para o plana sub, um mergulho a reboque.

Golfinhos costumam aparecer para os turistas nos passeios de barco. Foto: Antônio Melcop/Administração de Fernando de Noronha

Golfinhos costumam aparecer para os turistas nos passeios de barco. Foto: Antônio Melcop/Divulgação

Para quem já foi a Noronha, este é o dia de mergulhar de cilindro, uma chance de conhecer de perto esse universo tão diferente que é o fundo do mar. O Batismo é o passeio ideal para os iniciantes. O preço é, em média, R$ 440. É quase unanimidade que vale a pena!

Se ainda não tem coragem para isso, deixando o Batismo para a próxima ainda, o mergulho com snorkel na Praia do Sueste é mais tranquilo e dá para passar um tempo com os animais que habitam o mar de Noronha. Os mais vistos são as tartarugas.

Se não deu tempo de fazer trilha ou passear de bicicleta pelo arquipélago ainda, a chance é na tarde de sábado. À noite, tem o Samba Depois da Missa no Muzenza, após mais um jantar em um dos restaurantes noronhenses.

Visita ao Museu Noronhense, para conhecer a história da ilha, pode ficar para a segunda. Foto:

Visita ao Museu Noronhense, para conhecer a história da ilha, pode ficar para a segunda. Foto:

Segunda-feira

Um último mergulho nas águas do Mar de Dentro é o passeio certo antes de voltar para casa. As praias do Cachorro, do Meio e da Conceição são de acesso mais fácil, pela Vila dos Remédios. Antes de retornar à pousada e se arrumar para o check out, um passeio pelo centro histórico, passando pelo Museu Noronhense e pelo Forte de Nossa Senhora dos Remédios. Os voos saem para Recife ou Natal à tarde.

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Peixe na Telha tem gostinho de comida de avó em Noronha

Peixe na telha é receita antiga que foi renovada. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Não se sabe se são os temperos secretos, a telha especial, a pescada amarela… O que é certo é que o Peixe na Telha do restaurante Aquamarine, no Hotel Dolphin, em Fernando de Noronha, é tiro certo para quem gosta de frutos do mar. Além de saboroso e leve, tem gostinho caseiro, mas com requintes.

Local onde hoje funciona o Dolphin era a casa de dona Gardênia, onde ela recebia turistas para comer feijoada e peixe. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Local onde hoje funciona o Dolphin era a casa de dona Gardênia, onde ela recebia turistas para comer feijoada e peixe. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Isso acontece provavelmente porque a receita do peixe é de uma avó. Muito antes de o restaurante existir, dona Gardenia da Silva, hoje com 87 anos, já servia o prato nos fins de semana em sua casa, que também funcionava como uma pequena pousada.

A família dela chegou a Noronha em 1982 para atuar no Hotel Esmeralda, um dos famosos estabelecimentos da ilha, que ficava na Alameda do Boldró. Porém, a propriedade foi entregue ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) seis anos depois e eles se mudaram para o terreno onde atualmente funciona o Dolphin, na Vacaria.

Dona Gardênia não vive mais na ilha, mas, antes de se mudar para o continente, ajudou a alterar a receita do peixe. O prato foi modificado pelo chef Fábio de Sanctis, marido da neta dela, Fabiana. “Fábio encomendou telhas do jeito que precisávamos, em Tracunhaém (na Zona da Mata pernambucana), e refinou os temperos. Antes era dendê e hoje é mais leve. Parece uma moqueca, mas é leve”, explica.

Entrada com tapioca é novidade no cardápio. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Palitinhos de tapioca são novidade no cardápio. Foto: Luiz Pessoa/NE10

A execução do prato, baseado na proposta do restaurante de oferecer comfort food, é de Eva Vieira. O peixe, da ilha, acompanha arroz, pirão e farofa.

Petit gateau é uma das sobremesas mais pedidas. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Petit gateau é uma das sobremesas mais pedidas. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Antes de testar o Peixe na Telha, para a entrada, a sugestão para os visitantes é uma novidade no cardápio da casa. São os palitinhos de tapioca com molho de queijo coalho, que terão também a opção de acompanhamento de charque desfiada na manteiga de garrafa e purê de jerimum. Quer mais pernambucano? A entrada é feita com uma mistura de goma de mandioca granulada, diferente da que é usada para fazer tapioca, e queijo.

Petit gateau ou brownie com sorvete de creme estão no cardápio. Mas quem quer sair do lugar comum pode investir na sobremesa preferida dos turistas, o Danado de Bom, que são bananas empanadas cobertas com mel de engenho, paçocas e sorvetes. As frutas são plantadas no terreno do próprio hotel.

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Além da alta gastronomia, Noronha também tem self service

Self service é opção mais acessível e rápida em Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Depois de alguns dias aproveitando a alta gastronomia pela qual Fernando de Noronha é reconhecida no continente, eis que surge em quase todo mundo vontade de (pasmem!) voltar ao arroz e feijão. É aí que entra o bom e velho self service, onde é possível encontrar de tudo. E, no caso do restaurante Flamboyant, aberto há 18 anos na ilha, o primeiro adjetivo é levado bem a sério.

A casa foi aberta inicialmente para vender sorvetes no Bosque Flamboyant, no centro da ilha. Porém, o serviço foi estendido às refeições há mais de uma década, com o objetivo de atingir um público que não pudesse frequentar os restaurantes mais badalados de Noronha. Isso sem perder a qualidade.

Decoração do restaurante é inspirada no rock. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Decoração do restaurante é inspirada no rock. Foto: Luiz Pessoa/NE10

O restaurante é o único que ainda fornece almoço self service na ilha. Atualmente abre para o almoço das 12h às 17h e, para o jantar, com serviço à la carte, das 19h às 23h.

O cardápio não é fixo. Apesar de mudar diariamente, segundo a administradora da casa, a paulista Rose Silva, garante pelo menos duas opções de massas, feijão, carnes brancas e vermelhas.

O destaque vai para os peixes, geralmente escolhidos entre as opções da ilha, como cavala, atum, xaréu, bicuda e dourado.

Diante da variedade dos pratos e dos clientes, alguns cuidados são tomados. Um deles é o de não usar em excesso temperos e ingredientes regionais, como o coentro. A decoração também é planejada para dar um clima aconchegante à refeição, mesmo sendo rápida.

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Torta de jaca é grata surpresa no Restaurante Varanda

Torta de jaca surpreende mesmo os que não gostam da fruta. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Muitos dizem que a jaca só pode ser amada ou odiada, sem meio termo. Mas essa certeza só se mantém até conhecer uma sobremesa criada pelo chef Auricélio Romão, do restaurante Varanda, em Fernando de Noronha. Com a fruta como protagonista, a torta parece sorvete e costuma agradar até os paladares nem tão afeitos ao alvo da polêmica, como o da repórter. Vale se deixar surpreender.

Fernando é fã da receita criada pelo sócio, o chef Auricélio Romão. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Fernando é fã da receita criada pelo sócio, o chef Auricélio Romão. Foto: Luiz Pessoa/NE10

É por isso que esta matéria começa com o que supostamente deveria ser o fim: o doce. A sobremesa é a preferida de um dos dos sócios da casa, Fernando Duarte. “É minha, minha, minha!”, brinca.

O empresário conta que os clientes geralmente costumam questionar e até acham estranho o prato quando veem o cardápio, mas logo são convencidos. “Depois se surpreendem positivamente”, garante. Foi assim com o ator Rodrigo Hilbert e o chef e apresentador de televisão Jamie Oliver.

Sem a presença do chef, Fernando também ensina a receita para quem quiser comer a torta depois de experimentá-la em Noronha. O primeiro passo é congelar uma caixa de chantilly para depois batê-la. Em seguida, bata um ovo a 150 gramas de açúcar. Um pote de doce de jaca é o próximo ingrediente. Separe a calda dos pedaços da fruta, cortando-os em pequenos pedaços – e guardando outros. Por último, misture tudo e coloque na geladeira. Sirva com partes da fruta no topo e farinha de biscoito crocante. Voilà!

torta-de-jaca

Já que o assunto é doce, o brownie de chocolate branco com sorvete está aí para agradar aos mais tradicionais. E com espírito um tanto chocólatra. A sobremesa tem sorvete de creme, ganache de chocolate meio amargo e farofa de biscoito. É o mais pedido no Varanda.

Brownie é a sobremesa mais pedida. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Brownie é a sobremesa mais pedida. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Mas, antes da sobremesa, você terá que escolher entre as opções de entradas e pratos principais. As principais apostas são os pastéis para a entrada, entre eles de queijo, carne de sol e camarão.

Gratinato é um dos variados pratos principais do Varanda. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Gratinato é um dos variados pratos principais do Varanda. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Baião de dois, confit de bacalhau e picanha estão entre as variadas opções de prato principal. Tudo isso sem deixar de lado a sofisticação.

Mas o top é o gratinado de frutos do mar. Polvo, lula, mexilhões, camarão e peixe são cozidos com leite de coco e creme de leite e puxados no azeite, além de serem envolvidos em arroz, mix de pimentões e farofa de pão, alho e manteiga.

Vale a pena investir ainda no camarão ao creme de abóbora ou no filé de peixe, em que cavala é empanada na farofa de castanha, acompanhada de arroz branco e purê de jerimum ou de batata, o mais pedido. Mesmo nesses pratos mais comuns, há sempre um toque diferenciado, quase um elemento surpresa.

Foto: Luiz Pessoa/NE10

Cavala vem empanada em farofa de castanha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

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Chef Vitor Machado mistura cozinha pernambucana a tendências mundiais

Peixe na panela leva ingredientes como leite de coco e alho poró. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Transformar a cozinha pernambucana em cosmopolita, unindo técnicas modernas a elementos tradicionais da cozinha brasileira, é a proposta do novo cardápio da Pousada Triboju. As receitas são assinadas pelo chef Vitor Machado – nascido em Manaus e criado em Porto Alegre – e têm inspiração na cultura regional, como as tapioqueiras do Alto da Sé, no Sítio Histórico de Olinda.

Gaúcho e amazonense, Vitor Machado pesquisa a cozinha pernambucana. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Gaúcho e amazonense, Vitor Machado pesquisa a cozinha pernambucana. Foto: Luiz Pessoa/NE10

“Tenho investido na pernambucanidade, com o uso dos três Cs da cozinha: coentro, colorau e cominho”, explica o chef. “Quero fazer uma cozinha paradisíaca e que remeta à vida das pessoas, mas sem fazer só o básico.”

Vitor chegou a Noronha há um ano e meio. Queria sair do Rio Grande do Sul e, para isso, pensava em entrar em um cruzeiro ou ir à França, até conhecer uma amiga no metrô que falou sobre a oportunidade para trabalhar na ilha. “Fui ficando sem querer”, afirma.

Há oito meses atua na criação do cardápio, buscando inspiração até no Carnaval de Olinda. É o caso da sobremesa Maria Bonita e Lampião, um petit gateau de rapadura mole com goiabada.

O ceviche tropical servido na entrada leva suco de maracujá e de laranjas, além de pimenta biquinho. Não é picante como o tradicional peruano, mas tem apenas um leve toque de gengibre. “Não é só o limão e tem a manga, então fica mais refrescante”, afirma o chef. A reinvenção do prato foi feita por Vitor há cinco anos, dos sete que ele atua na cozinha. Mas chega agora à Triboju.

Ceviche leva mangá e molho de maracujá. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Ceviche leva mangá e molho de maracujá. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Com quatro tipos, a seleção de camarões é um dos sucessos da casa que não pode deixar de entrar no novo cardápio. São oito unidades divididas em quatro porções de empanados: parmesão, que é um clássico, gergelim, farofa de pão velho e xerém de castanha de caju. Uma geleia de pimenta biquinho, que é uma reinvenção do sweet chilli tailandês, dá um toque especial à entrada.

São quatro tipos de camarões empanados na entrada. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Camarões são opção de entrada. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Para o prato principal, tem o peixe na panela. “É uma fusão da cozinha brasileira com a francesa”, explica. O peixe, da ilha, é cozido com ingredientes como leite de coco, creme de leite e alho poró e chega à mesa na mesma panela, sem perder o gostinho original, acompanhado de arroz de colorau e banana da terra frita.

Uma grande novidade será a picanha em homenagem ao precursor do manguebeat Chico Science. Não experimentamos, mas Vitor adianta: serão 250 gramas de carne com gordura alta, feita no estilo gaúcho e finalizada no melaço, que é levado de Triunfo, no Sertão pernambucano. Acompanha risoto de baião de dois e cuscuz com queijo coalho crocante.

Vitor criou sobremesa com sabores que estão nas memórias de infância de muitos pernambucanos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Vitor criou sobremesa com sabores que estão nas memórias de infância de muitos pernambucanos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

A sobremesa que tem tudo para ser uma das mais pedidas, poderá ser também disputada. O cheesecake de queijo coalho com calda de melaço e castanha de caju não estará no cardápio, apenas em dias especiais. Mas é um daqueles pratos para trazer à memória dos nordestinos um gostinho de infância e, ao mesmo tempo, encantar os paladares que não são da região.

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Restaurante Dumar, em Noronha, tem o melhor garçom do mundo

Moqueca tem leve toque de dendê. Foto: Luiz Pessoa/NE10
Garçom indica o mix de frutos do mar para a entrada. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Garçom indica o mix de frutos do mar para a entrada. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Seguindo o estereótipo cearense, Dênis Maia, 34 anos, é bom contador de histórias, animado e simpático. Atendendo sempre com um sorriso no rosto, passou pela Europa e firmou base em Fernando de Noronha para ganhar um título especial e merecido dos clientes do restaurante Dumar: o de melhor garçom do mundo. Além de servir, a pedidos, ele também ajuda a escolher os pratos, colocando mix de frutos do mar como entrada, moqueca sinfônica para o prato principal e cartola na sobremesa. Dênis acerta.

Peixe, lagosta, lula, camarão, polvo e peixes da ilha – era dourado no dia que o NE10 visitou o restaurante – compõem a entrada, com molho de alho, óleo e ervas finas.

Dênis conta que, quando esteve na ilha, a atriz Bruna Marquezine o chamava como "o melhor garçom... do mundo!". Foto: Luiz Pessoa/NE10

Dênis conta que, quando esteve na ilha, a atriz Bruna Marquezine o chamava como “o melhor garçom… do mundo!”. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Frutos do mar têm a cara de Noronha. Por isso, a moqueca sinfônica é a sugestão para o prato principal. Leva leite de coco, creme de leite, cebola, cheiro verde, camarão, lula, lagosta, polvo, sal, caldo de camarão e pimenta. E um toque de azeite de dendê. “É só para lembrar a moqueca baiana, mas não é ela nem é a capixaba”, explica o chef Ewerton Soares.

Folhas consumidas no Dumar são da horta do restaurante. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Folhas consumidas no Dumar são da horta do restaurante. Foto: Luiz Pessoa/NE10

A cartola tem queijo manteiga, banana flambada no conhaque, farofa de leite com amendoim e sorvete de creme. É o tradicional com um pouco de requinte.

O melhor garçom, que indicou todos esses pratos, nasceu em Tabuleiro do Norte, no interior do Ceará, de onde saiu há 15 anos para trabalhar e morar na capital do Rio Grande do Norte, Natal. De 2007 a 2009, morou em Portugal e na Espanha, onde trabalhou como barman.

Foi dessa experiência que tirou as ideias para criar o drink Esmeralda do Atlântico, premiado em concursos de bebidas da ilha ano passado. Levando xarope de capim santo da horta do Dumar, abacaxi, limão e vodca e servido em taça de Martini, por ser aromático, homenageia a ilha que acolheu o autor em 2011, dois anos depois de voltar da Europa. Que sorte de Noronha também, que ganhou mais um morador sorridente.

Cartola é a pedida para a sobremesa. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Cartola é a pedida para a sobremesa. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Não tem desculpa para deixar de conhecê-lo. O Dumar, que fica na Alameda do Boldró, tem transfer grátis para os clientes. O telefone para agendar o carro é (81) 3619.0432.

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Cacimba tem cardápio de famosos em Noronha

Peixe leva o nome de Amália Stringhini, esposa do jornalista Evaristo Costa. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Bruno Gagliasso, Evaristo Costa, Patrícia Poeta. Em breve, Daniela Mercury e Mallu Verçosa. Deixando as risadas pelas piadas de duplo sentido que isso provoca, eles são os pratos do Cacimba, um bistrô com cara de restaurante. Na casa secular na Vila dos Remédios, também vão à mesa os famosos de Fernando de Noronha: Zé Maria Sultanum e padre Glênio, o religioso surfista.

Chef Auricélio Romão é o criador dos pratos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Chef Auricélio Romão é o criador dos pratos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Com proposta de ser simples, sofisticado e gostoso, o Cacimba tem essa administração há dois anos, com o chef Auricélio Romão e as jornalistas Ana Clara Marinho e Edna Moura. É para ser um espaço de amigos.

Foi assim que surgiu a brincadeira dos nomes para os pratos. Geralmente levando em consideração o que os visitantes – e amigos – gostam de comer, o chef elabora a receita. “Bruno (Gagliasso) é louco por lagosta. E todo mundo quer comer Bruno”, brinca, falando sobre os pastéis do fruto do mar, um dos pratos mais pedidos. Agora, Auricélio dará o nome da esposa do ator, Giovana Ewbank, a uma moqueca de lagosta.

Mas o processo pode ser diferente, como aconteceram como os deliciosos churros com recheio de doce de leite e creme de avelã e crosta de canela e açúcar. Depois que Daniela Mercury e a esposa, Mallu Verçosa, comeram a sobremesa, pediram que o doce ganhasse seu nome. As duas estavam em lua de mel em Noronha.

Amália Stringhini, esposa do jornalista Evaristo Costa, virou um peixe levemente picante, servido com arroz de coco e um purê de batata verde que tem história. “Ela estava com as crianças e pediu para bater brócolis com batata, como a mãe fazia para as crianças”, conta o chef, que adicionou manjericão à receita. O pescado é atum, um dos peixes da ilha, grelhado com pimenta biquinho.

O peixe também está no filé ao molho de coco com gengibre que leva o nome do chef César Santos. O prato é um hit da casa e acompanha arroz de curry e purê de jerimum. Não é a toa que é chamado com o nome de um especialista em gastronomia.

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Xica da Silva é coreana… pelo menos em Noronha

Peixe mestiço foi criado para disputar - e vencer - festivais gastronômicos da ilha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Xica da Silva: nome mais brasileiro é impossível para um restaurante. Mas a dona, Hae Shin, é coreana, o cardápio vem da Tailândia e a comida, bem… recebeu influências do mundo inteiro. Os frutos do mar são o ponto forte da casa, aberta em Fernando de Noronha há quase uma década para ser o xodó de Hae.

Restaurante tem ambiente aconchegante e decoração com influências de várias partes do mundo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Restaurante tem ambiente aconchegante e decoração com influências de várias partes do mundo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

O peixe mestiço é uma das principais escolhas, seja por brasileiros ou estrangeiros. É um pescado da ilha, geralmente dourado ou anchova, com molho pesto de manjericão, acompanhado de queijo mussarela e requeijão gratinado e purê de jerimum.

O prato é uma criação do chef Tiago Silva para representar o restaurante em festivais gastronômicos da ilha. “O primeiro teste foi com purê de batata doce e creme de alecrim. Essa receita é a terceira tentativa, usando jerimum e manjericão”, diz.

Criadora do cardápio inicial, Hae dá pitacos na cozinha e ajuda Tiago a aperfeiçoar as receitas. A coreana era comerciante na movimentada Rua 25 de Março, em São Paulo, quando encontrou a oportunidade de viver em Noronha, ilha que havia conhecido como turista em 1997 e, desde então, visitava pelo menos três vezes por ano.

A chance apareceu quando a dona do espaço onde hoje o Xica da Silva funciona não conseguiu capital para concluir a reforma. E a inspiração para chamá-lo assim, além da novela homônima, vem do nome dela: Edilene Francisca da Silva.

Camarão empanado no coco é um dos mais pedidos no restaurante. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Camarão empanado no coco é um dos mais pedidos no restaurante. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Dois anos depois, em 2008, Hae engravidou e precisou de ajuda nos três meses em que ficou fora para cuidar do filho. Foi quando o recifense Tiago, então com 21 anos, chegou a Noronha após deixar a Força Aérea. Primeiro atuou lavando louça, depois foi aprendendo a trabalhar na cozinha – e gostando – e atualmente recebe uma participação nos lucros do restaurante. “Ele não sabia fritar um ovo quando chegou aqui”, brinca Hae.

Que tal mil folhas de tapioca para a sobremesa? Foto: Luiz Pessoa/NE10

Que tal mil folhas de tapioca para a sobremesa? Foto: Luiz Pessoa/NE10

Os dois criaram – e modificaram – também o camarão no coco, outro hit da casa. Os acompanhamentos são arroz de castanha e purê de batata gratinada.

Para a entrada, o camarão também é uma boa opção. Empanado com gergelim, vem com molho agridoce. Mas o casquinho de siri é outra opção.

A escolha da sobremesa depende do gosto de cada um. Com pegada regional, há o doce mil folhas com goiabada, coco e queijo coalho. Os que não dispensam o chocolate se deliciam com a surpresa mestiça, uma base de petit gateau com mousse de leite e ganache.

Veja galeria de fotos dos pratos clássicos da casa:

MAIS NEGÓCIOS – Hae e o chef também são responsáveis por outro restaurante, com proposta diferenciada, o Ginga, aberto há dois anos. A casa tem música ao vivo nas terças e quartas-feiras, além de exibir jogos de futebol e lutas de UFC. O cardápio é mais voltado aos petiscos, como um bar.

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Gostosinho do munguzá: quando o grito é a alma do negócio

Gostosinho chama atenção pelo grito e pelos objetos no carrinho. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Todo mundo quer um munguzá que limpa a pele, queima 500 calorias e mantém a forma. Nada disso é comprovado cientificamente, mas são promessas fundamentais para o vendedor da receita, conhecido em Fernando de Noronha como Gostosinho, conquistar tantos clientes em diversos pontos da ilha. E não para por aí: “Minha salada de frutas tem 21 frutas, 20 bananas e uma laranja”, brinca, mostrando que a propaganda é mesmo a alma do negócio.

Ele já foi José Carlos de Barros e tem 41 anos. Mas o nome ficou exatos 20 anos atrás, quando chegou à ilha saindo do Recife para trabalhar como faxineiro em uma pousada. “Ganhava um salário e me ofereceram dois aqui. Aceitei”, conta. José Carlos é de Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, e trabalhou lá, quase escravizado nos canaviais, dos 8 aos 21 anos.

Hoje em dia, a rotina de Gostosinho é intensa, mas prazerosa. Acorda cedo e às 6h já está com a esposa, Cinthia Osório, 29, fazendo o munguzá. A comida é feita até as 13h30. Ele sai na moto meia hora depois para vender e volta às 20h para casa, na Vila do Trinta, reencontrando a mulher, que está grávida de um menino que ganhará o nome do pai.

Os dois se conheceram há 10 anos, na pousada onde trabalhavam e já têm uma filha de dois anos. Como quase todo morador de Noronha, que tem mais de uma fonte de renda, Gostosinho começou a sair com um carro de mão para vender o munguzá feito por ela. “Com uma semana comprei meu próprio carrinho. Com um ano, minha motinha. Hoje sou Micro Empreendedor Individual”, diz, orgulhoso.

Cinco anos atrás, ele ganhou o título de residente de Fernando de Noronha, a ilha onde encontrou tranquilidade. Com o lucro do munguzá, comprou uma casa e um carro na capital, mas frisa que só quer voltar para o continente quando se aposentar. “E só porque não vou conseguir carregar a barraca quando estiver mais velho”, diz.

PROPAGANDA – Mas nem sempre as estratégias de venda fizeram tanto sucesso. “Saía gritando ‘munguzá!!!’ pelo meio da rua, no gogó, mas ninguém comprava. Só resolvi o problema quando comecei a gritar ‘gostosinho’ e fazer cena. Dizia: ‘Calma, pessoal, vamos organizar a fila’, mesmo sem ninguém. Assim juntava gente”, revela.

Para chamar atenção, até o veículo usado nas vendas foi reformado. A moto branca ganhou um cavalo de brinquedo no banco de trás, que faz companhia aos outros bichos que ficam colados no capacete de gostosinho, como tubarão, aranhas, tartaruga e golfinho. No bagageiro, onde os produtos ficam expostos, ficam as fotos com famosos. “Suzana Vieira esteve aqui e comeu tapioca de coco, ainda pediu que eu levasse seis na pousada onde ela estava. Luciano Huck e Angélica comeram munguzá”, conta. Gostosinho aparece no clipe da música ‘Alto Reverso’ da banda O Rappa.

Para encontrá-lo é só seguir a voz no megafone. Duas dicas: ele costuma estar no aeroporto à tarde, nos horários de chegada e saída de voos, ou no por do sol do Forte do Boldró, onde os passeios turísticos costumam terminar. E aí é só desembolsar R$ 5 para testar as funções embelezadoras do munguzá ou descobrir as 21 frutas da salada ou ainda testar a empada de frango, o café e a tapioca só com queijo ou de coco e queijo. Quem garante é “o gostosinho, a delícia móvel”, como diz um dos seus bordões.

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Que bacalhau que nada! Em Noronha, o bolinho é de tubarão

Vale deixar o preconceito de lado e provar o bolinho de tubarão. Foto: Luiz Pessoa/NE10

O lugar onde são reveladas curiosidades sobre dezenas de espécies de tubarão do mundo é o mesmo onde é possível experimentar o gosto deles – literalmente. Colocados entre os animais mais temidos do fundo do mar, em Fernando de Noronha eles perdem o estigma, convivem com os seres humanos e se tornam iguaria no Museu do Tubarão, na forma dos bolinhos de tubalhau, o “bacalhau” da ilha.

Crosta é feita com flocos de milho. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Crosta é feita com flocos de milho. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Servida também em outros restaurantes de Noronha, a receita começou a ser vendida no museu há pelo menos uma década, a pedido dos turistas. “Os nativos já consumiam o tubarão salgado, que chamavam de tubalhau. Essa era uma forma de conservá-lo por causa da dificuldade de ter energia elétrica. Decidimos organizar a técnica e vender para os turistas como souvenir”, conta a engenheira de pesca Concita Veras.

Concita chegou a Noronha há 25 anos com o marido, o também engenheiro de pesca Leonardo Veras, para fazer o trabalho de conclusão da graduação. Os dois montaram a empresa Noronha Pesca Oceânica, a NPO. Sete anos depois, foi aberto o museu, que expõe em painéis, fotos e peças como arcadas dentárias informações sobre esses bichos. “Queremos desmistificar essa ideia de que o tubarão é um animal terrível”, afirma.

Alvo de críticas por causa do consumo do tubarão, Concita ressalta que o que há, na verdade, é uma confusão com a pesca predatória. “É importante deixar claro que ninguém defende isso. Somos os mais interessados em preservar”, aponta. Segundo a administradora do museu, desde 1997 os animais não são retirados do mar da ilha. Atualmente, vêm da pesca artesanal na costa nordestina e são amostras de diversas espécies.

Tubarão é formado no chocolate. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Tubarão é formado no chocolate. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Para fazer os bolinhos, é preciso ter 600g de tubalhau desfiado, um quilo de batatas, uma cebola grande picada, dois ramos de salsinha pixada e óleo para fritar. O rendimento é de aproximadamente 40 unidades.

Moqueca é feita com leite de coco natural. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Moqueca é feita com leite de coco natural. Foto: Luiz Pessoa/NE10

O modo de preparo é simples e era descrito desde as primeiras embalagens do tubalhau, antes mesmo de virar bolinho. Primeiro cozinhe as batatas e amasse como se fosse fazer um purê. Depois junte a cebola e a salsinha. Então, você já pode fazer os bolinhos e fritar. O gosto é como o do bacalhau, mas, se você não se opõe ao consumo do animal, vale a pena experimentar.

O cardápio do restaurante do Museu do Tubarão, no entanto, vai muito além do animal que dá nome à casa. Um dos destaques é o arrumadinho de peixe, prato que segue a proposta do lugar: oferecer comida caseira, sem tanta sofisticação. É feito com feijão verde, farofa, arroz e vinagrete, além da barracuda, um peixe da ilha, coberto com flocos de milho. “Queríamos usar um prato da cozinha pernambucana com versão noronhense”, explica Concita.

A moqueca do chef Diogo Barbosa, sem azeite de dendê e com leite de coco natural, também encanta muitos paladares. O peixe usado é dourado ou cavala.

Para a sobremesa, a escolha pode ser o brownie com sorvete. Pedindo o doce, os adultos ganham um prato feito com cuidados daqueles elaborados para o público infantil: um tubarão vem desenhado no chocolate. As crianças, inclusive, são os clientes mais frequentes no restaurante, provavelmente pela possibilidade de entrar no misterioso ambiente desses animais.

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