Calçadas como obstáculo

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Buracos, raízes de árvores, tapumes, pisos desnivelados. Esse cenário parece comum? As calçadas do Recife, utilizadas por ​3​0% da população para se locomover diariamente, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentam diversos problemas como esses. Os passeios públicos, como são formalmente chamadas pelo poder público, deveriam ter suas fiscalização e manutenção como prioridades, afinal, motoristas, motociclistas e ciclistas, fora de seus veículos, também se tornam a parte mais desprotegida - e prejudicada - do trânsito: o pedestre.

Deslocamentos no Brasil

30% a pé
30% de carro
30% de ônibus

Mas as calçadas são usadas por quem opta por qualquer um dos modais, principalmente por quem caminha ou é passageiro do transporte coletivo
Fonte: IBGE​

Paulo Henrique Barbosa, 54 anos, que usa cadeira de rodas para se locomover Além desses, um dos problemas frequentemente enfrentados pelo aposentado Paulo Henrique Barbosa, 54 anos, que usa cadeira de rodas para se locomover, são as raízes de árvores deformando as calçadas. A cada vez que precisa ir da fisioterapia, na Estrada de Belém, até o banco onde recebe seu salário, na Avenida João de Barros, um percurso de menos de um quilômetro pela Zona Norte, ele encontra obstáculos. Pela falta de opção, o cadeirante precisa pegar um táxi ou pior: seguir pela via, disputando espaço com ônibus e carros. "Os motoristas geralmente param e esperam, mas não posso contar com isso sempre. Seria melhor se consertassem", defende.

Assim como Paulo, Breno Melo, 14, é cadeirante e precisa ser levado para fisioterapia duas vezes na semana. A mãe de Breno, Tânia Melo, diz que não consegue levar o filho pela calçada e precisa empurrar a cadeira de rodas junto aos carros. "Infelizmente, eu não tenho como pagar táxi sempre para ele. Esse trajeto que nós fazemos semanalmente entre a parada de ônibus e a clínica é pelo meio da rua. Olhe como isso é horrível!", disse Tânia apontando o desnivelamento da Rua Bispo Cardoso Ayres, próximo à Faculdade Esuda e à empresa Contax, na área central.

Obras também fazem parte da lista de transtornos que o pedestre encontra no seu caminho. São tapumes, papa metralha, resto de cimento e reboco no meio da passagem. A funcionária pública Dulce Lima, 45, passa por trechos onde há reformas diariamente, sempre usando salto alto, parte do código de vestimenta da empresa onde trabalha. "Sinto bastante dificuldade em andar por aqui. A prefeitura deveria fiscalizar mais essas obras que deixam os entulhos espalhados."

Os empreendimentos têm obrigação de elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) para ser submetido à análise e aprovação da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb). O descarte irregular pode acabar em multas que variam entre R$ 100 e R$ 1,4 mil para o responsável pela construção. O descarte pode ser feito em uma das sete EcoEstações da prefeitura do Recife, que recebem gratuitamente até um metro cúbico de resíduos, incluindo os oriundos da construção civil. Os equipamentos estão localizados nos bairros Ibura, Imbiribeira, Campo Grande, Totó, Cohab, Torrões e Torre e funcionam de segunda a sábado, das 8h às 16h.

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