Cadê a calçada que deveria estar aqui?

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Quase 60 mil veículos passam pela Avenida Norte, na Zona Norte, diariamente. São milhares de pessoas afetadas pelos buracos na via - e reclamando deles. Mas ninguém parece ver o problema dos pedestres no trecho que divide os bairros da Encruzilhada e do Espinheiro: não há espaço para transitar pelas calçadas em nenhum dos dois sentidos. Aliás, o passeio sequer existe. E isso acontece de Norte a Sul na cidade.

Vamos imaginar o percurso de quem segue para o Largo da Encruzilhada. Primeiro há um banco onde motoristas insistem em estacionar na calçada, o que é uma infração grave prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro. Depois, um estacionamento de onde carros entram e saem em velocidade, sem se preocupar com o risco de atropelar os pedestres. É aí que chega a pior parte: há menos de um metro de calçada e com rampas desiguais, todas altas. É tarefa árdua passar por lá. Se forem mais de duas pessoas ao mesmo tempo, uma tem que descer para a avenida.

"Isso sempre foi assim. Ando por aqui há mais de 20 anos e nunca vi uma melhoria. Aliás, está cada vez pior"

Alexandre Santos, 46, representante comercial

"É um sacrifício passar por aqui. Na minha idade, se eu cair, pode acontecer algo muito sério"

Helena Carrazzone, 74, aposentada

O comerciante Paulo Machado, 56 anos, alugou um imóvel no trecho há 10 anos, onde abriu uma oficina, e reconhece a dificuldade dos pedestres para caminhar. "Era uma rampa só e percebi que isso era ainda pior. Fiz uma rampa em dois níveis, com um batente, porque principalmente os idosos têm dificuldade em pisos inclinados. Mas grande problema é que não tem espaço para aumentar a calçada", afirmou.

Calçada na Rua Vasco da Gama

Para alguns lugares, o consultor Francisco Cunha, autor do livro "Calçada: o primeiro degrau da cidadania urbana" sugere que o poder público indenize o proprietário e amplie o espaço do passeio. "Seria péssimo para mim, mas eu compreenderia. Só não sei se a prefeitura teria iniciativa de fazer isso. Nunca nem vieram aqui", afirma Machado.

Se é assim em uma das maiores avenidas do Recife, imagine na periferia... A Rua Vasco da Gama, principal acesso ao bairro de mesmo nome onde, na Zona Norte, vivem mais de 31 mil pessoas, é onde pedestres e veículos têm que ocupar o mesmo espaço, seja por causa das construções que vão sendo ampliadas ou por causa dos ambulantes, do lixo e dos carros estacionados. "A rua já é estreita e movimentada e os carros ainda param assim, sem deixar espaço para nós, que temos que nos arriscar. É realmente irritante, principalmente nos fins de semana", reclama a vendedora Marcelle Baracho. Veja outros depoimentos:

O que você faria?

A calçada em frente à sua casa está cheia de buracos. Você gastaria dinheiro para recuperá-la?