Rock Lima recicla materiais em Noronha e transforma em arte

Rock Lima em seu ateliê, na Ponta da Air France. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Inspirado na vista do Morro do Pico na janela do seu ateliê, na Ponta da Air France, o artista plástico recifense Rock Lima, 50 anos, metade deles vividos em Fernando de Noronha, desconstrói objetos encontrados no lixo para transformá-los em arte. Assim, retira a sucata da ilha, contribuindo para manter como um paraíso o lugar onde escolheu viver.

Ateliê tem vista para o Morro do Pico e para ilhas secundárias. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Ateliê tem vista para o Morro do Pico e para ilhas secundárias. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Inicialmente, há dez anos, começou a trabalhar com materiais retirados do lixo por causa da dificuldade para consegui-los importando do continente. “Noventa porcento dos trabalhos eram com reciclados. Antes era por necessidade e agora é por prazer”, justifica. “As pessoas me consideram uma referência de arte na ilha.”

Rock pega placas de sinalização, canecas de porcelana e todos os tipos de material que lhe forem doados ou encontrados na usina de resíduos sólidos, como chama o lixão. Mas prefere trabalhar com ferro. “Você aquece e fica mole, consegue até torcer, se sente o próprio Huck”, brinca. Em seguida, Rock dá a gargalhada pela qual é conhecido pelos moradores da ilha, solta até nas reuniões do Conselho Distrital.

Todas as peças são transportadas para o ateliê na moto do artista, que tem o sonho de fazer uma exposição de miniaturas de veículos Harley Davidson. Até lá, elabora as suas peças que retratam o cotidiano. Uma delas é a coruja Elizabeth, uma referência à rainha por ter um chapéu semelhante ao dela.

Rock gosta de trabalhar sob encomenda e, principalmente, pressão. “A melhor maneira é com emoção”, afirma. Foi assim que criou uma das últimas obras. Rock pegou placas de indicação da Vila dos Remédios, que seriam usandas para fazer um quadro em ferro. O artista havia feito o desenho com o Morro Dois Irmãos, mas ainda estava em dúvida se usaria a imagem do cartão postal da ilha, alegando que já era muito explorado. Isso até receber, no ateliê, a visita de uma cliente, que era coordenadora de uma campanha de combate ao câncer. “Quando a mulher viu, começou a chorar, teve a certeza de que seria essa a marca. Ela saiu às 9h e a peça já estava pronta ao meio-dia. Deixei o golfinho da placa, inverti e fiz os Dois Irmãos, para remeter aos seios”, conta.

Pelas mãos de Rock, placa se transformou em campanha de prevenção ao câncer de mama. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Pelas mãos de Rock, placa se transformou em campanha de prevenção ao câncer de mama. Foto: Luiz Pessoa/NE10

As peças são vendidas a turistas e pousadas e restaurantes da ilha, como a Beco de Noronha. Mesmo sendo artista profissional há uma década, ficou mais conhecido no ano passado, quando o surfista e apresentador Pedro Scooby apresentou as suas obras em um programa de televisão. Como costumava vender os trabalhos muito baratas se os compradores alegassem não ter dinheiro, precisa apresentar as propostas à esposa, a chef Ana Jabur, antes de fechar negócio. “Fui proibido de trabalhar com preço.”

Rock é aficionado por motos, principalmente as de modelos dos anos 1960. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Rock é aficionado por motos, principalmente as de modelos dos anos 1960. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Morador da Vila do Trinta, onde a esposa tem um restaurante, Rock usa como ateliê o Espaço Cultural Air France, espaço pertencente à Associação dos Artesões de Pernambuco e usado só por ele há dez anos. Por isso, bagunçado pelos materiais que ele leva. “Como vou trabalhar com sucata arrumadinho? Gosto de ter essas informações todas, aprendi a conviver e trabalho bem dessa maneira”, explica.

Foi justamente assim e em Noronha que Rock começou a desenvolver o lado artístico. Criado em Brasília Teimosa, comunidade da Zona Sul do Recife onde a principal diversão é aproveitar a praia, fazia apenas miniaturas de guitarras de madeira. A primeira vez foi quando era adolescente, passou por uma loja de instrumentos musicais com a namorada e não tinha dinheiro para comprar uma peça da qual a namorada gostou. Resolveu o problema fazendo o presente.

Antes Sérgio Roberto de Lima – o Rock virou sobrenome e entrou nos documentos este ano -, chegou do Recife para trabalhar em um supermercado na ilha.

Bagunça é parte do ambiente de trabalho de Rock. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Bagunça é parte do ambiente de trabalho de Rock. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Era 1990, quando havia três voos semanais, de 6, 8 e 12 lugares. Ainda chamado Sérgio Rock, por causa das músicas que ouvia, desembarcou num domingo com ar de turista e acompanhado de sete gaúchos. Estava com euforonha, o sentimento de alegria extrema que muita gente afirma sentir durante a viagem. “Eu gostaria que todas as pessoas, quando forem receber uma notícia triste, ficassem nesse estado”, diz.

“Já tinha Sérgio, Sérgio do barco e Serginho. ‘Vamos eliminar esse sérgio’, disseram. ‘Agora, às vezes até me desconheço como Sérgio”, diz. Desde a ilha Rata até a Sapata, os dois extremos da ilha, todos os moradores também. “Uma vez uma menina escreveu uma carta, que voltou. Quando fui aos Correios, descobri o problema: veio para Sérgio.”

Rock deixou o emprego três anos depois. Achava que trabalhava muito e não conseguia aproveitar a ilha. Começou a trabalhar como instrutor de mergulho livre. “O ser humano tem que trabalhar e curtir o que faz, conseguir usufruir o que tem de melhor. Preciso me divertir com o meu trabalho”, afirma.

Hoje em dia, Rock faz como muitos ilhéus: tem múltiplas tarefas. À noite, é garçom no restaurante comandado pela esposa, o Mesa da Ana. Lá, resgata histórias e lendas de Noronha, além do hábito antigo de receber os turistas em casa. Enquanto serve as mesas, o artista revela os personagens da ilha e seus causos com o bom humor de sempre – e a gargalhada.

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Faça o teste e descubra que praia de Noronha combina mais com você

Barcos param na Praia do Sancho para banho de mar. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Está de malas prontas para Fernando de Noronha e já quer saber de que praia pode gostar mais na sua viagem? Responda ao teste, que também serve para quem conhece a ilha ou planeja ir um dia, e descubra se você combina mais com o Sancho, eleita duas vezes a mais bonita do mundo, ou com a Atalaia, um destino para os mais aventureiros. Seu perfil pode bater também com o Sueste, de fácil acesso e cheia de animais, a Conceição, uma das badaladas, ou com o Cachorro, a mais, digamos, urbana. Há ainda a Cacimba do Padre, reduto dos surfistas, ou o Americano, quase deserta.

Clique aqui para participar do quiz.

Faça o teste e não esqueça de compartilhar o resultado nas redes sociais

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Um roteiro para sete dias relaxando sem “neuronha”

Passeio à Fortaleza dos Remédios pode ser no fim da tarde, para pegar o por do sol. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Fernando de Noronha tem pontos turísticos para agradar os mais diversos visitantes. Mesmo com tanto a fazer, do lado de cá do oceano há um mito que diz que uma semana na ilha já provoca a tal “neuronha”, uma vontade enorme de voltar à “vida real”. Mas, se fosse música pop, diríamos que o recalque bate no Morro Dois Irmãos e volta, pois há provas incontestáveis de que é possível, sim, montar o seu roteiro de sete dias no arquipélago e ainda sair com gostinho de quero mais. É só preparar as malas.

Veja uma sugestão de roteiro para passar sete dias na ilha – mas vale dizer que, como quase tudo em Noronha depende da natureza, não se estresse se um ou outro passeio for adiado:

Por do sol no Boldró é o mais disputado de Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Pôr-do-sol no Boldró é o mais disputado de Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

DIA 1

Os voos comerciais costumam chegar à ilha desde o início até o fim da tarde. Então, há grandes chances de você chegar a tempo de ver o famoso pôr-do-sol de Noronha. O Forte do Boldró é um dos lugares preferidos e mais bonitos.

DIA 2

O ilhatour, um passeio de bugue pelos pontos turísticos de Noronha, com paradas para fotos e banhos de mar, pode dar uma ideia geral da ilha. A atividade custa, em média, R$ 150.

Assistir a uma das palestras diárias do Projeto Tamar é uma sugestão para o início da noite. É gratuita.

DIA 3

Para o terceiro dia, uma opção é conhecer Noronha pelo mar, em um passeio de barco pelo Mar de Dentro, do Porto de Santo Antônio até a Ponta da Sapata. Custa cerca de R$ 120 por três horas – se for no entardecer; é aproximadamente R$ 140.

Vista do passeio de barco é incrível. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Vista do passeio de barco é incrível. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Fora do roteiro tradicional, a trilha do Morro do Piquinho pode ser feita à tarde pelos mais aventureiros. Mas tem alto grau de dificuldade e deve ser feita por quem tem experiência. O valor é, em média, R$ 100. Para incrementar, tem também o rapel, que pode ser contratado pelo telefone (81) 3619.0447.

Como a pedra fica na Praia da Conceição, é uma oportunidade para apreciar o pôr-do-sol de lá.

Os que não têm experiência também podem fazer trilhas como a Costa dos Mirantes – seguindo pela encosta da baía até o mirante Dois Irmãos e acessando a Praia do Sancho por descida entre as rochas – e a Esmeralda do Atlântico – uma caminhada em maré baixa pelas praias do Mar de Dentro. Ambas custam aproximadamente R$ 100.

DIA 4

É dia de explorar o fundo do mar com a Nave. A embarcação tem uma lente que permite aos visitantes conhecer as espécies que habitam o oceano Atlântico sem mergulhar. Antes tem uma aula sobre a vida marinha de Noronha. É R$ 150.

À tarde, você pode fazer uma caminhada para conhecer a história da ilha, que já foi ocupada por portugueses, holandeses, franceses, italianos e norte-americanos e também já funcionou como um presídio. O lugar ideal para isso é a Vila dos Remédios. Pelo receptivo Atalaia, custa R$ 65.

O passeio pode acabar na Fortaleza dos Remédios, com um pôr-do-sol incrível e vista para praias do Mar de Dentro.

Passeio tem formações rochosas e ilhotas de Noronha como plano de fundo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Plana sub tem formações rochosas e ilhotas de Noronha como plano de fundo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

DIA 5

O mergulho a reboque, conhecido como plana sub ou prancha sub, é uma opção de diversão para o quinto dia de viagem. Puxado em posição de mergulho pela água, você é levado pelo Mar de Dentro segurando uma prancha ligada ao barco. Já falamos sobre ele por aqui. O preço varia de R$ 100 a R$ 200.

Explorar a ilha de bicicleta é ótimo também para quem tem disposição. As bikes podem ser alugadas nos pontos de informação do Parque Nacional – na entrada da trilha do Sancho/Golfinho ou na Praia do Sueste – por R$ 25 para o dia inteiro.

DIA 6

Com sorte, você poderá conhecer a Praia da Atalaia, uma piscina natural com 300 metros de comprimento. Para respeitar a natureza, você só poderá chegar lá com um guia, se estiver aberta, já que o funcionamento varia de acordo com a maré. É proibido o uso de protetor solar, evitando, assim, interferir na vida que nasce lá.

Barcos param na Praia do Sancho para banho de mar. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Barcos param na Praia do Sancho para banho de mar. Foto: Luiz Pessoa/NE10

À tarde, você pode voltar à Praia do Sancho, eleita duas vezes a mais bonita do mundo, e já visitada no ilhatour. Agora, com calma, é hora de curtir a água cristalina. Com sorte, a cachoeira estará lá, escondida entre a vegetação.

Outra opção é o batismo, um mergulho com cilindro para iniciantes conhecerem o fundo do mar de Noronha. O preço é, em média, R$ 440. É quase unanimidade que vale a pena!

DIA 7

Depois de ver as praias e passear na Nave, é hora de mergulhar para conhecer a diversidade da vida marinha de Noronha. A Praia do Sueste tem tartarugas e peixes, que podem nadar ao lado dos visitantes. Não esqueça o snorkel! Você pode chegar lá no ônibus que passa por toda a BR-363 de meia em meia hora. Ainda sobra tempo para voltar aos pontos que mais gostou.

Não importa o dia da semana, à noite sempre tem o que fazer em Noronha. Para quem gosta de forró, o point nas segundas, quartas e sextas-feiras é o Bar do Cachorro. O Ginga Bar, reconhecido pelos petiscos servidos, pode ser o destino na noite de terça-feira. Quinta e sábado tem, no Muzenza, o reggae – que não toca só esse estilo musical, mas outros, como o pop/rock. A festa do domingo é o “samba depois da missa”, no mesmo local. Todos os dias, você ainda pode aproveitar a reconhecida gastronomia de Noronha. Telefones e endereços de todos os passeios estão na aba de serviços.

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Gostosinho do munguzá: quando o grito é a alma do negócio

Gostosinho chama atenção pelo grito e pelos objetos no carrinho. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Todo mundo quer um munguzá que limpa a pele, queima 500 calorias e mantém a forma. Nada disso é comprovado cientificamente, mas são promessas fundamentais para o vendedor da receita, conhecido em Fernando de Noronha como Gostosinho, conquistar tantos clientes em diversos pontos da ilha. E não para por aí: “Minha salada de frutas tem 21 frutas, 20 bananas e uma laranja”, brinca, mostrando que a propaganda é mesmo a alma do negócio.

Ele já foi José Carlos de Barros e tem 41 anos. Mas o nome ficou exatos 20 anos atrás, quando chegou à ilha saindo do Recife para trabalhar como faxineiro em uma pousada. “Ganhava um salário e me ofereceram dois aqui. Aceitei”, conta. José Carlos é de Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, e trabalhou lá, quase escravizado nos canaviais, dos 8 aos 21 anos.

Hoje em dia, a rotina de Gostosinho é intensa, mas prazerosa. Acorda cedo e às 6h já está com a esposa, Cinthia Osório, 29, fazendo o munguzá. A comida é feita até as 13h30. Ele sai na moto meia hora depois para vender e volta às 20h para casa, na Vila do Trinta, reencontrando a mulher, que está grávida de um menino que ganhará o nome do pai.

Os dois se conheceram há 10 anos, na pousada onde trabalhavam e já têm uma filha de dois anos. Como quase todo morador de Noronha, que tem mais de uma fonte de renda, Gostosinho começou a sair com um carro de mão para vender o munguzá feito por ela. “Com uma semana comprei meu próprio carrinho. Com um ano, minha motinha. Hoje sou Micro Empreendedor Individual”, diz, orgulhoso.

Cinco anos atrás, ele ganhou o título de residente de Fernando de Noronha, a ilha onde encontrou tranquilidade. Com o lucro do munguzá, comprou uma casa e um carro na capital, mas frisa que só quer voltar para o continente quando se aposentar. “E só porque não vou conseguir carregar a barraca quando estiver mais velho”, diz.

PROPAGANDA – Mas nem sempre as estratégias de venda fizeram tanto sucesso. “Saía gritando ‘munguzá!!!’ pelo meio da rua, no gogó, mas ninguém comprava. Só resolvi o problema quando comecei a gritar ‘gostosinho’ e fazer cena. Dizia: ‘Calma, pessoal, vamos organizar a fila’, mesmo sem ninguém. Assim juntava gente”, revela.

Para chamar atenção, até o veículo usado nas vendas foi reformado. A moto branca ganhou um cavalo de brinquedo no banco de trás, que faz companhia aos outros bichos que ficam colados no capacete de gostosinho, como tubarão, aranhas, tartaruga e golfinho. No bagageiro, onde os produtos ficam expostos, ficam as fotos com famosos. “Suzana Vieira esteve aqui e comeu tapioca de coco, ainda pediu que eu levasse seis na pousada onde ela estava. Luciano Huck e Angélica comeram munguzá”, conta. Gostosinho aparece no clipe da música ‘Alto Reverso’ da banda O Rappa.

Para encontrá-lo é só seguir a voz no megafone. Duas dicas: ele costuma estar no aeroporto à tarde, nos horários de chegada e saída de voos, ou no por do sol do Forte do Boldró, onde os passeios turísticos costumam terminar. E aí é só desembolsar R$ 5 para testar as funções embelezadoras do munguzá ou descobrir as 21 frutas da salada ou ainda testar a empada de frango, o café e a tapioca só com queijo ou de coco e queijo. Quem garante é “o gostosinho, a delícia móvel”, como diz um dos seus bordões.

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Plana sub mostra a casa dos noronhenses submersos

Passeio tem formações rochosas e ilhotas de Noronha como plano de fundo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Saindo da Baía de Santo Antônio, os tripulantes, já ansiosos, recebem as instruções para o passeio com toques de aventura: no mar azul de Fernando de Noronha, ficarão na água segurando uma prancha ligada ao barco por um cabo, sendo levados a 8 km/h. Usando um snorkel e mergulhando, cada um pode ter as próprias impressões sobre a vida marinha tão própria da ilha.

Não entendeu? Veja o vídeo para se inspirar:

Plana Sub – O mergulho a reboque em Fernando de Noronha

São vários os nomes desse passeio que, na verdade, nada mais é do que um mergulho a reboque no cenário paradisíaco de Noronha: aquasub, pranchasub… Todos eles surgiram da união do esporte com o turismo. Enquanto alguns dizem que já é praticado há mais uma década no arquipélago, outros atribuem a sua criação ao engenheiro de pesca Leonardo Veras, que desenvolveu um modelo de prancha e o patenteou com o nome plana sub há cerca de oito anos.

Antes de cair ao mar, visitantes recebem orientações sobre a prancha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Antes de cair ao mar, visitantes recebem orientações sobre a prancha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Mas o que importa para nós, turistas, é que, hoje em dia, é possível aproveitá-lo, com segurança, de quatro formas diferentes: nas embarcações Eduarda II, Toda Nua e Alquimista II, além das embarcações do Receptivo Atalaia Turismo, que levou a equipe do NE10 de lancha.

A embarcação deixou o porto por volta das 14h, com os tripulantes Douglas e Carlinhos dando as primeiras orientações ao grupo. Usando o lado positivo da prancha para baixo, é possível chegar a oito metros de profundidade. Se a intenção é essa, o lado negativo está ali para não descer tanto – além disso, um colete salva-vidas pode ser usado por quem não sabe nadar.

Os passeios são divididos por grupos: segurando as pranchas, seis turistas na ida e seis na volta. O casal formado pelo administrador Osvaldo Casarim, 62 anos, e a aposentada Deodete Casarim, 61, ambos do interior de São Paulo, era só entusiasmo. “Não conhecia nenhum lugar no Brasil assim”, disse ele. “É lindíssimo”, completou ela.

Peixe assado também é servido no passeio. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Peixe assado também é servido no passeio. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Depois de todos mergulharem, podem relaxar na lancha e compartilhar as experiências. O passeio é o mesmo para todos, mas, acreditem, cada um tem uma impressão e percebe detalhes e cores diferentes do mar.

Para quem esperava só a atividade, vem a parte especial. O passeio inclui uma volta por praias como Americano, Cacimba do Padre e Sancho, enxergando-as de fora, e passando pela pedra do Rugido do Leão, uma formação rochosa na qual o encontro entre a caverna e o mar proporciona um barulho semelhante ao do animal.

Às vezes também é possível registrar a atividade e ver e bichos marinhos. Antes do por do sol, atobás e fragatas no céu aguardam uma bobeira de peixes, entre sardinhas, atuns e outras espécies. Faz parte da cadeia alimentar.

Depois da atividade, turistas podem admirar a vista. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Depois da atividade, turistas podem admirar a vista. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Maravilhados com a cena, alguns visitantes sequer percebem, mas Douglas já está colocando peixe e carne na churrasqueira instalada na parte traseira da lancha.

Quando a comida fica pronta, a embarcação já está de volta à Baía de Santo Antônio. Mas ainda não é hora de atracar, e, sim, o início de outro espetáculo. O por do sol começa no Mar de Dentro, mostrando que Noronha é uma ilha que pode sempre se superar.

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Zé Maria: alta gastronomia e fartura no mesmo prato

Paella é um dos pratos mais concorridos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Paella, arroz de jaca, salmão, peixe afrodisíaco, ostra ao vinho branco, tartar de atum, camarão com maracujá e coco, camarão aos quatro queijos, purê de jerimum, farofa de banana, picanha suína, cioba, ceviche de frutos do mar. Satisfeito ou quer mais?

Zé Maria reúne os visitantes ao redor da mesa para apresentar os pratos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Zé Maria reúne os visitantes ao redor da mesa para apresentar os pratos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Todos esses pratos e outros 35 fazem parte do Festival Gastronômico da Pousada Zé Maria, realizado há 19 anos, quase sempre com a presença de celebridades e com um animado karaokê. E a dica é esperar para mais tantas dezenas de sobremesas, incluindo brownie, tortas, mousses, cheesecakes, pudins. Continue com água na boca…

O movimento grande na pousada toda quarta-feira e sábado já começa às 20h. Uma hora depois, a mesa no centro, forrada com folhas, recebe os pratos. À esquerda, uma grande panela de paella de frutos do mar feita com purê de macaxeira, um dos destaques da casa. No outro extremo, pratos da culinária japonesa com peixe fresco da ilha. Reza a lenda que são pescados pelo próprio Zé Maria Sultanum – mas é só história de pescador.

Tartar de atum é um dos pratos da parte da mesa dedicada à culinária japonesa. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Tartar de atum é um dos pratos da parte da mesa dedicada à culinária japonesa. Foto: Luiz Pessoa/NE10

O dono da pousada, aliás, é um espetáculo à parte na noite. De longos cabelos brancos e jeito alegre, é ele quem reúne os clientes ao redor da mesa para apresentar os pratos. Um por um. “Quanto mais vocês comem, mais feliz a gente fica”, afirma, prometendo uma noite para cada um em bangalôs da pousada caso falte comida, o que garante nunca ter acontecido. Assim começa o jantar, realizado sempre em homenagem às mulheres. “Sem elas, não existiríamos”, diz ao público – afinal não são só clientes.

Zé Maria foi convidado a viver em Fernando de Noronha há 28 anos para administrar um supermercado na ilha, no início do desenvolvimento turístico e período em que o arquipélago passou a ser território pernambucano. Lembra que naquele tempo a gastronomia ainda não tinha a diversidade que se mostra hoje. Como gostava de cozinhar, decidiu inovar. Em quase duas décadas, a ideia cresceu e a alta demanda exige agora seis responsáveis pela cozinha. “O chef sou eu, mas todo mundo é chef”, afirma.

Noites de festival têm dezenas de visitantes. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Noites de festival têm dezenas de visitantes. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Herdeiro do amor do pai por Noronha, Tuca Sultanum fica muitas vezes com a incumbência de apresentar as sobremesas. Para isso, conta com uma das cozinheiras, Dulce “doce”. Torta prestígio, pudim de laranja, cheesecake de damasco e de morango, torta de tiramisu, mousse de abacaxi, torta de doce de leite…

Mas a fama que corre pela ilha – verdadeira, vale salientar – é sobre o brownie especial da casa, um dos pontos mais visitados da mesa. “Eu digo que foi criação minha, mas não foi”, brinca Zé Maria.

Colocamos o brownie só para você imaginar o sabor. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Colocamos o brownie só para você imaginar o sabor. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Antes de se servir, no entanto, Tuca apresenta o casal bacana da noite, eleito pelos funcionários. Os escolhidos da noite em que o NE10 esteve na pousada foram os paulistas Vinícius Reis, 32 anos, e Bruna Costa, 30, atendidos pelo garçom Rodrigão. “Acho que ganhamos por causa da lua de mel”, palpita a advogada. “Mas também somos bacanas. Só que bacana mesmo é o Zé Maria”, acrescenta o publicitário. Os recém-casados escolheram o festival para finalizar a viagem a Noronha, que era um sonho para os dois.

Pudim de laranja é outra sobremesa do festival. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Pudim de laranja é outra sobremesa do festival. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Com Zé Maria cantando “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos, começa o The Voice, o karaokê. Seguiu com “Evidências”, um clássico da brincadeira. “Todo mundo interage, gente que nunca se viu senta junto e se conhece. Já tivemos até três casamentos por causa disso”, conta.

Nessa noite de festival, sentados na mesa do dono da pousada, que fica no centro do restaurante, estavam a atriz Giulia Gam e o filho Theo, que arriscou cantar sucessos da banda O Rappa com o músico da casa, Buiu. Acostumado a ter celebridades entre os hóspedes e como companhia nas noites de festival, sendo Bruno Gagliasso e Paulo Vilhena provavelmente os mais frequentes, Zé Maria diz: “Famosos são todos, porque todo mundo é feliz. Trabalhamos com o que gostamos.”

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Ponta da Air France

Foto: Luiz Pessoa/NE10

Local onde é possível remontar a história de Fernando de Noronha, a vista da Ponta da Air France impressiona também por ser ponto de encontro entre o mar de dentro, mais calmo e onde o sol se põe, e o mar de fora, agitado e local do nascer do sol.

O mirante tem vista direta para ilhotas que compõem o arquipélago, como São José, Rata e Sela Ginete.

O cenário se transforma com o passar do dia, devido à influência do alinhamento entre sol, lua e Terra. Enquanto não é possível ver as rochas vulcânicas na maré alta, elas parecem formar um caminho até São José. Porém, devido às águas agitadas, o Air France não é indicado para o banho.

O nome da Air France foi dado porque, na década de 1930, serviu como uma base de apoio francesa, onde pousavam aviões. Depois, virou um bar, que não funciona mais. Atualmente, há uma casa onde funciona um centro cultural, ateliê para artesãos locais.

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