Rock Lima recicla materiais em Noronha e transforma em arte

Rock Lima em seu ateliê, na Ponta da Air France. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Inspirado na vista do Morro do Pico na janela do seu ateliê, na Ponta da Air France, o artista plástico recifense Rock Lima, 50 anos, metade deles vividos em Fernando de Noronha, desconstrói objetos encontrados no lixo para transformá-los em arte. Assim, retira a sucata da ilha, contribuindo para manter como um paraíso o lugar onde escolheu viver.

Ateliê tem vista para o Morro do Pico e para ilhas secundárias. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Ateliê tem vista para o Morro do Pico e para ilhas secundárias. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Inicialmente, há dez anos, começou a trabalhar com materiais retirados do lixo por causa da dificuldade para consegui-los importando do continente. “Noventa porcento dos trabalhos eram com reciclados. Antes era por necessidade e agora é por prazer”, justifica. “As pessoas me consideram uma referência de arte na ilha.”

Rock pega placas de sinalização, canecas de porcelana e todos os tipos de material que lhe forem doados ou encontrados na usina de resíduos sólidos, como chama o lixão. Mas prefere trabalhar com ferro. “Você aquece e fica mole, consegue até torcer, se sente o próprio Huck”, brinca. Em seguida, Rock dá a gargalhada pela qual é conhecido pelos moradores da ilha, solta até nas reuniões do Conselho Distrital.

Todas as peças são transportadas para o ateliê na moto do artista, que tem o sonho de fazer uma exposição de miniaturas de veículos Harley Davidson. Até lá, elabora as suas peças que retratam o cotidiano. Uma delas é a coruja Elizabeth, uma referência à rainha por ter um chapéu semelhante ao dela.

Rock gosta de trabalhar sob encomenda e, principalmente, pressão. “A melhor maneira é com emoção”, afirma. Foi assim que criou uma das últimas obras. Rock pegou placas de indicação da Vila dos Remédios, que seriam usandas para fazer um quadro em ferro. O artista havia feito o desenho com o Morro Dois Irmãos, mas ainda estava em dúvida se usaria a imagem do cartão postal da ilha, alegando que já era muito explorado. Isso até receber, no ateliê, a visita de uma cliente, que era coordenadora de uma campanha de combate ao câncer. “Quando a mulher viu, começou a chorar, teve a certeza de que seria essa a marca. Ela saiu às 9h e a peça já estava pronta ao meio-dia. Deixei o golfinho da placa, inverti e fiz os Dois Irmãos, para remeter aos seios”, conta.

Pelas mãos de Rock, placa se transformou em campanha de prevenção ao câncer de mama. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Pelas mãos de Rock, placa se transformou em campanha de prevenção ao câncer de mama. Foto: Luiz Pessoa/NE10

As peças são vendidas a turistas e pousadas e restaurantes da ilha, como a Beco de Noronha. Mesmo sendo artista profissional há uma década, ficou mais conhecido no ano passado, quando o surfista e apresentador Pedro Scooby apresentou as suas obras em um programa de televisão. Como costumava vender os trabalhos muito baratas se os compradores alegassem não ter dinheiro, precisa apresentar as propostas à esposa, a chef Ana Jabur, antes de fechar negócio. “Fui proibido de trabalhar com preço.”

Rock é aficionado por motos, principalmente as de modelos dos anos 1960. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Rock é aficionado por motos, principalmente as de modelos dos anos 1960. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Morador da Vila do Trinta, onde a esposa tem um restaurante, Rock usa como ateliê o Espaço Cultural Air France, espaço pertencente à Associação dos Artesões de Pernambuco e usado só por ele há dez anos. Por isso, bagunçado pelos materiais que ele leva. “Como vou trabalhar com sucata arrumadinho? Gosto de ter essas informações todas, aprendi a conviver e trabalho bem dessa maneira”, explica.

Foi justamente assim e em Noronha que Rock começou a desenvolver o lado artístico. Criado em Brasília Teimosa, comunidade da Zona Sul do Recife onde a principal diversão é aproveitar a praia, fazia apenas miniaturas de guitarras de madeira. A primeira vez foi quando era adolescente, passou por uma loja de instrumentos musicais com a namorada e não tinha dinheiro para comprar uma peça da qual a namorada gostou. Resolveu o problema fazendo o presente.

Antes Sérgio Roberto de Lima – o Rock virou sobrenome e entrou nos documentos este ano -, chegou do Recife para trabalhar em um supermercado na ilha.

Bagunça é parte do ambiente de trabalho de Rock. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Bagunça é parte do ambiente de trabalho de Rock. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Era 1990, quando havia três voos semanais, de 6, 8 e 12 lugares. Ainda chamado Sérgio Rock, por causa das músicas que ouvia, desembarcou num domingo com ar de turista e acompanhado de sete gaúchos. Estava com euforonha, o sentimento de alegria extrema que muita gente afirma sentir durante a viagem. “Eu gostaria que todas as pessoas, quando forem receber uma notícia triste, ficassem nesse estado”, diz.

“Já tinha Sérgio, Sérgio do barco e Serginho. ‘Vamos eliminar esse sérgio’, disseram. ‘Agora, às vezes até me desconheço como Sérgio”, diz. Desde a ilha Rata até a Sapata, os dois extremos da ilha, todos os moradores também. “Uma vez uma menina escreveu uma carta, que voltou. Quando fui aos Correios, descobri o problema: veio para Sérgio.”

Rock deixou o emprego três anos depois. Achava que trabalhava muito e não conseguia aproveitar a ilha. Começou a trabalhar como instrutor de mergulho livre. “O ser humano tem que trabalhar e curtir o que faz, conseguir usufruir o que tem de melhor. Preciso me divertir com o meu trabalho”, afirma.

Hoje em dia, Rock faz como muitos ilhéus: tem múltiplas tarefas. À noite, é garçom no restaurante comandado pela esposa, o Mesa da Ana. Lá, resgata histórias e lendas de Noronha, além do hábito antigo de receber os turistas em casa. Enquanto serve as mesas, o artista revela os personagens da ilha e seus causos com o bom humor de sempre – e a gargalhada.

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Seja biólogo por uma noite em Noronha

Estrutura do Tamar em Noronha é museu aberto. Na foto, o coordenador do projeto na ilha, Rafael Robles. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Quem, quando criança, nunca brincou de salvar os animais? Em Fernando de Noronha, é possível tornar desejo em realidade, pelo menos por uma noite. É o propósito do monitoramento da desova de tartarugas feito pelo Projeto Tamar na Praia do Leão de dezembro a junho, o período de reprodução desses animais. A atividade é gratuita.

Tartarugas verdes usam a ilha para se reproduzir. Foto: Projeto Tamar

Tartarugas verdes usam a ilha para se reproduzir. Foto: Projeto Tamar/Divulgação

Sem luz para não atrapalhar as mamães tartarugas na missão de colocar os ovos, a chegada à praia é às 20h. A partir de então, o monitoramento é feito de hora em hora. Os animais têm o casco medido e são marcados, assim como os ninhos, que recebem uma numeração. Com esse dado, é possível fazer o acompanhamento até o nascimento dos filhotes e a corrida deles até o mar. O público pode participar ainda da contagem desses pequenos bichos.

O passeio é feito todas as segundas e quintas-feiras. Para participar, os turistas devem ir ao Centro de Visitantes do projeto, que fica na Alameda do Boldró e funciona diariamente das 9h às 22h. Os telefones para contato são (81) 3619.1174, 3619.1577 e 3619.1269. São quatro vagas por noite.

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O coordenador da base do Tamar em Fernando de Noronha, Rafael Robles, explica que as atividades de pesquisa do projeto foram adaptadas ao ecoturismo, com o objetivo de incentivar a ideia de “conhecer para preservar”. “Quanto mais perto dos animais, mais sensibilizadas as pessoas ficam”, defende.

O projeto foi criado há 35 anos – e está em Noronha há 30, atualmente funcionando com 25 funcionários, sendo cinco técnicos que vão a campo. Tudo começou no fim da década de 1970, quando um grupo de cinco estudantes gaúchos de oceanografia esteve no Atol das Rocas, um ilha oceânica no Rio Grande do Norte, para colher material para o museu da universidade. Lá, ouviram o barulho de pescadores matando tartarugas que estavam se reproduzindo. “Isso contrariava o que haviam aprendido na faculdade, que o Brasil não tinha desova de tartarugas”, conta o coordenador na ilha.

Projeto Tamar está em Noronha há 360 anos. Foto: Projeto Tamar

Projeto Tamar está em Noronha há 360 anos. Foto: Divulgação

Os estudantes, então, convenceram os pescadores locais a não agir contra os animais e fizeram o registro oficial da desova para denunciar o fato. “O País fazia parte de acordos de proteção dos oceanos, o que contribuiu para pressionar o governo a fazer um projeto de proteção das tartarugas, que são animais migratórios”, diz. Então o grupo foi chamado para percorrer a costa e fazer um levantamento de 1980 a 1982. Era o início do Tamar.

Inicialmente, foram três bases: Pirambu Pirambu (SE), onde vive a espécie oliva; Praia do Forte (BA), com registros da cabeçuda e da pente; e Regência (ES), local da tartaruga de couro. Faltava apenas proteger a tartaruga verde, encontrada em Noronha. “Foi um negócio de estudantes que salvou as tartarugas”, afirma Robles. Trinta e cinco anos depois, são 25 bases.

Segundo dados do próprio projeto, eram 29 ninhos de tartarugas na ilha na década de 1980, número que aumentou para 159 na década de 2000. “É um trabalho a longo prazo. Teoricamente a primeira tartaruga que (os fundadores) colocaram ao mar está se reproduzindo agora. Para as tartarugas, 30 anos não é nada”, justifica o coordenador. O Tamar é financiado por patrocínio e pelas vendas de produtos produzidos por comunidades costeiras nas lojas instaladas em pontos turísticos, como a que existe em Noronha.

Criado há 19 anos, o ciclo de palestras ambientais do projeto leva pesquisadores para o Centro de Visitantes toda noite, a partir das 20h, após a exibição de filmes, para falar sobre temas que fazem parte da ecologia na ilha. Veja a programação semanal:

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DURANTE O DIA – Há ainda a captura intencional de tartarugas todas as segundas e quintas-feiras. Mergulhando por apneia, os biólogos pegam os animais para medir o casco, coletar o sangue, pesá-los e verificar o estado de saúde deles. “Esse trabalho é feito com o objetivo de conhecer a rota migratória, a média de tartarugas, a taxa de crescimento delas”, explica Rafael Robles. O local e o horário da atividade dependem da maré, mas é possível se informar no Centro de Visitantes. Nos últimos 30 anos, foram estudadas mais de 4 mil tartarugas verdes diferentes, além de 2,5 mil da espécie pente.

Os turistas que gostam de acordar cedo têm ainda, durante o dia, palestra do projeto Golfinho Rotador sobre esses animais, no Mirante dos Golfinhos, às 7h ou com a chegada de grupos grandes. Na atividade, descobrem detalhes sobre a vida dos bichos, que costumam chegar a Noronha pela manhã para se reproduzir e cuidar dos filhotes, enquanto à noite vão para alto mar para se alimentar. A dica é chegar por volta das 6h30. O projeto também empresta binóculos para a observação dos animais e distribui folders sobre o comportamento deles.

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Faça o teste e descubra que praia de Noronha combina mais com você

Barcos param na Praia do Sancho para banho de mar. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Está de malas prontas para Fernando de Noronha e já quer saber de que praia pode gostar mais na sua viagem? Responda ao teste, que também serve para quem conhece a ilha ou planeja ir um dia, e descubra se você combina mais com o Sancho, eleita duas vezes a mais bonita do mundo, ou com a Atalaia, um destino para os mais aventureiros. Seu perfil pode bater também com o Sueste, de fácil acesso e cheia de animais, a Conceição, uma das badaladas, ou com o Cachorro, a mais, digamos, urbana. Há ainda a Cacimba do Padre, reduto dos surfistas, ou o Americano, quase deserta.

Clique aqui para participar do quiz.

Faça o teste e não esqueça de compartilhar o resultado nas redes sociais

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Do semiárido, mocós fizeram de Noronha a própria casa

Mocós formam tocas nas pedras, onde vivem em grupos familiares. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Pequenos roedores de pelo em tons de cinza e marrom encantam muitos visitantes que têm a oportunidade de vê-los pelas encostas rochosas de Fernando de Noronha. Eles são os mocós, mamíferos introduzidos na ilha na década de 1960, trazidos do semiárido nordestino.

De pelo em tons de marrom e cinza, mocós se camuflam entre as rochas. Foto: Luiz Pessoa/NE10

De pelo em tons de marrom e cinza, mocós se camuflam entre as rochas. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Esses animais, de nome científico Kerodon rupestris, são mamíferos com grandes dentes frontais que saltam e escalam muito bem. Como os coelhos, têm rabo curto. A semelhança com os ratos está nas orelhas, pequenas e arredondadas. A alimentação é baseada em frutos e raízes.

Os mocós têm reprodução ao longo de todo o ano, com pico nos meses de verão, de menos chuva. Após o cruzamento entre macho e fêmea, ela engravida e, 30 dias depois, nascem de quatro a oito filhotes. Com um mês e meio de idade, os pequenos animais já podem se alimentar sozinhos, caminhar e têm o corpo todo coberto de pelos. Aos cinco meses, estão sexualmente ativos.

As mães já são férteis logo após o nascimento dos bebês. Isso fez com que a população desses fofos mamíferos aumentasse a ponto de transformá-los em uma praga biológica na ilha – ou seja, são tantos indivíduos que não há mais equilíbrio na cadeia alimentar.

De acordo com a bióloga Maria de Lourdes Alves, da Administração de Fernando de Noronha, há pesquisadores estudando formas de reduzir o número de habitantes, já que o problema afeta o ecossistema, as formações rochosas e as fortificações históricas da ilha, desgastadas pelos roedores. Mas a especialista ressalta que os próprios animais fazem o controle natural. “Quando população fica muito grande, os machos adultos comem os filhotes, fazem canibalismo”, explica.

Mocós conseguem se reproduzir a cada 30 dias, em média. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Mocós conseguem se reproduzir a cada 30 dias, em média. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Os mocós vivem em pequenas famílias e fazem suas tocas principalmente nas encostas do Mar de Dentro, como a que há na Praia do Sancho e na Baía dos Porcos. É para lá que correm na presença de humanos, por se sentirem ameaçados. Porém, não há perigos para os visitantes. “Eles não atacam, são muito amistosos”, afirma a bióloga.

Esses mamíferos foram levados para Noronha com o objetivo de ser caçados pelos militares que moravam na ilha para a alimentação. Com a criação da área de preservação ambiental, em 1988, passou a ser proibido matar todos os animais selvagens, incluindo os mocós.

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Um roteiro para sete dias relaxando sem “neuronha”

Passeio à Fortaleza dos Remédios pode ser no fim da tarde, para pegar o por do sol. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Fernando de Noronha tem pontos turísticos para agradar os mais diversos visitantes. Mesmo com tanto a fazer, do lado de cá do oceano há um mito que diz que uma semana na ilha já provoca a tal “neuronha”, uma vontade enorme de voltar à “vida real”. Mas, se fosse música pop, diríamos que o recalque bate no Morro Dois Irmãos e volta, pois há provas incontestáveis de que é possível, sim, montar o seu roteiro de sete dias no arquipélago e ainda sair com gostinho de quero mais. É só preparar as malas.

Veja uma sugestão de roteiro para passar sete dias na ilha – mas vale dizer que, como quase tudo em Noronha depende da natureza, não se estresse se um ou outro passeio for adiado:

Por do sol no Boldró é o mais disputado de Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Pôr-do-sol no Boldró é o mais disputado de Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

DIA 1

Os voos comerciais costumam chegar à ilha desde o início até o fim da tarde. Então, há grandes chances de você chegar a tempo de ver o famoso pôr-do-sol de Noronha. O Forte do Boldró é um dos lugares preferidos e mais bonitos.

DIA 2

O ilhatour, um passeio de bugue pelos pontos turísticos de Noronha, com paradas para fotos e banhos de mar, pode dar uma ideia geral da ilha. A atividade custa, em média, R$ 150.

Assistir a uma das palestras diárias do Projeto Tamar é uma sugestão para o início da noite. É gratuita.

DIA 3

Para o terceiro dia, uma opção é conhecer Noronha pelo mar, em um passeio de barco pelo Mar de Dentro, do Porto de Santo Antônio até a Ponta da Sapata. Custa cerca de R$ 120 por três horas – se for no entardecer; é aproximadamente R$ 140.

Vista do passeio de barco é incrível. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Vista do passeio de barco é incrível. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Fora do roteiro tradicional, a trilha do Morro do Piquinho pode ser feita à tarde pelos mais aventureiros. Mas tem alto grau de dificuldade e deve ser feita por quem tem experiência. O valor é, em média, R$ 100. Para incrementar, tem também o rapel, que pode ser contratado pelo telefone (81) 3619.0447.

Como a pedra fica na Praia da Conceição, é uma oportunidade para apreciar o pôr-do-sol de lá.

Os que não têm experiência também podem fazer trilhas como a Costa dos Mirantes – seguindo pela encosta da baía até o mirante Dois Irmãos e acessando a Praia do Sancho por descida entre as rochas – e a Esmeralda do Atlântico – uma caminhada em maré baixa pelas praias do Mar de Dentro. Ambas custam aproximadamente R$ 100.

DIA 4

É dia de explorar o fundo do mar com a Nave. A embarcação tem uma lente que permite aos visitantes conhecer as espécies que habitam o oceano Atlântico sem mergulhar. Antes tem uma aula sobre a vida marinha de Noronha. É R$ 150.

À tarde, você pode fazer uma caminhada para conhecer a história da ilha, que já foi ocupada por portugueses, holandeses, franceses, italianos e norte-americanos e também já funcionou como um presídio. O lugar ideal para isso é a Vila dos Remédios. Pelo receptivo Atalaia, custa R$ 65.

O passeio pode acabar na Fortaleza dos Remédios, com um pôr-do-sol incrível e vista para praias do Mar de Dentro.

Passeio tem formações rochosas e ilhotas de Noronha como plano de fundo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Plana sub tem formações rochosas e ilhotas de Noronha como plano de fundo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

DIA 5

O mergulho a reboque, conhecido como plana sub ou prancha sub, é uma opção de diversão para o quinto dia de viagem. Puxado em posição de mergulho pela água, você é levado pelo Mar de Dentro segurando uma prancha ligada ao barco. Já falamos sobre ele por aqui. O preço varia de R$ 100 a R$ 200.

Explorar a ilha de bicicleta é ótimo também para quem tem disposição. As bikes podem ser alugadas nos pontos de informação do Parque Nacional – na entrada da trilha do Sancho/Golfinho ou na Praia do Sueste – por R$ 25 para o dia inteiro.

DIA 6

Com sorte, você poderá conhecer a Praia da Atalaia, uma piscina natural com 300 metros de comprimento. Para respeitar a natureza, você só poderá chegar lá com um guia, se estiver aberta, já que o funcionamento varia de acordo com a maré. É proibido o uso de protetor solar, evitando, assim, interferir na vida que nasce lá.

Barcos param na Praia do Sancho para banho de mar. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Barcos param na Praia do Sancho para banho de mar. Foto: Luiz Pessoa/NE10

À tarde, você pode voltar à Praia do Sancho, eleita duas vezes a mais bonita do mundo, e já visitada no ilhatour. Agora, com calma, é hora de curtir a água cristalina. Com sorte, a cachoeira estará lá, escondida entre a vegetação.

Outra opção é o batismo, um mergulho com cilindro para iniciantes conhecerem o fundo do mar de Noronha. O preço é, em média, R$ 440. É quase unanimidade que vale a pena!

DIA 7

Depois de ver as praias e passear na Nave, é hora de mergulhar para conhecer a diversidade da vida marinha de Noronha. A Praia do Sueste tem tartarugas e peixes, que podem nadar ao lado dos visitantes. Não esqueça o snorkel! Você pode chegar lá no ônibus que passa por toda a BR-363 de meia em meia hora. Ainda sobra tempo para voltar aos pontos que mais gostou.

Não importa o dia da semana, à noite sempre tem o que fazer em Noronha. Para quem gosta de forró, o point nas segundas, quartas e sextas-feiras é o Bar do Cachorro. O Ginga Bar, reconhecido pelos petiscos servidos, pode ser o destino na noite de terça-feira. Quinta e sábado tem, no Muzenza, o reggae – que não toca só esse estilo musical, mas outros, como o pop/rock. A festa do domingo é o “samba depois da missa”, no mesmo local. Todos os dias, você ainda pode aproveitar a reconhecida gastronomia de Noronha. Telefones e endereços de todos os passeios estão na aba de serviços.

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Caminhada histórica e trilhas são passeios para os idosos em Noronha

Passeio de catamarã é uma das sugestões. Foto: Breno Lucio/Divulgação

Aos 90 anos, a aposentada Anita Costa realizou, este ano, o sonho de conhecer Fernando de Noronha. Escolhendo a ilha para o passeio, a mineira comprovou o que o trade turístico tem observado há pelo menos três anos: cada vez mais idosos têm visitado Noronha. Aventura e ecoturismo também têm vez na terceira idade.

Anita tirou a clássica foto de sereia no Museu do Tubarão. Foto: Ana Maria/Cortesia

Anita tirou a clássica foto de sereia no Museu do Tubarão. Foto: Ana Maria da Silva/Cortesia

A aposentada esteve no arquipélago com a filha, a médica paulista Ana Maria da Silva, 58. As duas viveram no Nordeste na década de 1980, quando Ana Maria estudou na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e, nesse período, viajaram do Maranhão a Sergipe pegando carona em caminhões. Mas, por questões financeiras, ainda ficou nos planos a visita a Noronha. “Prometi a ela que daria essa viagem quando tivesse condições. Hoje realizamos nosso sonho”, comemora a filha. O aniversário da aposentada é no dia 27 de junho e o passeio foi um presente antecipado.

Ativa e sorridente, Anita estava subindo a ladeira ao lado da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios quando encontrou a reportagem do NE10 e já quis falar. “Se tiver coragem, a pessoa faz tudo o que quiser”, diz. Praia da Conceição, Museu do Tubarão, passeio de barco e mirantes com vista para a Praia do Sancho e a Baía dos Golfinhos foram alguns dos passeios.

PASSEIOS – De acordo com uma pesquisa feita pela Secretaria de Turismo de Pernambuco em 2014, quem tem de 61 a 65 anos representa 2,51% dos turistas e, acima dos 65 anos, 1,93%. Os empresários calculam que o aumento desde 2012 foi de pelo menos 10%.

De olho nesse público, que geralmente já chega a Noronha com pacotes fechados e em grupo, os receptivos têm aperfeiçoado os serviços. A Atalaia tem guias focados no atendimento de idosos e um veículo adaptado.

Instalação de trilhas suspensas no Parque Nacional é um dos motivos por que houve o crescimento no número de idosos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Instalação de trilhas suspensas no Parque Nacional é um dos motivos por que houve o crescimento no número de idosos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Uma das atividades mais indicadas é a caminhada histórica, que percorre os principais pontos da Vila dos Remédios e termina nas praias com acesso mais simples na ilha: Cachorro, Meio e Conceição.

Anita e a filha estavam na Vila dos Remédios quando se encontraram com a equipe do NE10. Foto: Amanda Miranda/NE10

Anita e a filha estavam na Vila dos Remédios quando se encontraram com a equipe do NE10. Foto: Amanda Miranda/NE10

“O mais legal é que no Memorial Noronhense as pessoas veem as fotos do que é dito nessa caminhada”, afirma a presidente da Associação de Condutores e Divulgadores de Informações Turísticas de Fernando de Noronha (Acitur), Sílvia de Morais Nobre, carioca que vive na ilha há 30 anos.

Alguns grupos ainda descobrem lendas de Noronha ao chegar à Fortaleza dos Remédios. “Tem a lenda da Alamoa, que é uma figura loira alemã que vivia lá na época do presídio. Em dias de lua cheia portões eram abertos e alguns sentinelas que ficavam nas guaritas dos Remédios se rendiam à beleza escultural daquela mulher. Mas, quando tentavam chegar perto, acabavam caindo da fortaleza”, conta Sílvia.

A assessora da diretoria da Atalaia Caroline Sousa sugere ainda as trilhas da Costa dos Mirantes, que incluem os pontos de onde é possível ver a Praia do Sancho, eleita duas vezes a mais bonita do mundo. “É um local com facilidade de acesso e para contemplação”, afirma.

Anita e a filha visitaram o mirante com vista para a Baía dos Porcos, no Parque Nacional. Foto: Ana Maria da Silva/Cortesia

Anita e a filha visitaram o mirante com vista para a Baía dos Porcos, no Parque Nacional. Foto: Ana Maria da Silva/Cortesia

Os idosos podem ainda fazer o Ilhatour e o passeio de barco. Se for pela Atalaia, a atividade é feita em um catamarã, que não balança muito. Uma parada é na Praia do Sancho, onde os turistas podem fazer mergulho livre. Sílvia de Morais Nobre afirma ter se surpreendido com a disposição e a facilidade de muitos grupos para usar o snorkel.

A presidente da Acitur alerta os turistas para alguns cuidados, como informar aos guias se têm bom condicionamento físico. “Eu não posso dizer seu limite. Mas o público da terceira idade é muito responsável. Quando explicamos o roteiro, já sabem se têm condições”, explica. Outras dicas é levar tênis confortáveis, repelente e muita água, além de lanterna para sair à noite.

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Gostosinho do munguzá: quando o grito é a alma do negócio

Gostosinho chama atenção pelo grito e pelos objetos no carrinho. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Todo mundo quer um munguzá que limpa a pele, queima 500 calorias e mantém a forma. Nada disso é comprovado cientificamente, mas são promessas fundamentais para o vendedor da receita, conhecido em Fernando de Noronha como Gostosinho, conquistar tantos clientes em diversos pontos da ilha. E não para por aí: “Minha salada de frutas tem 21 frutas, 20 bananas e uma laranja”, brinca, mostrando que a propaganda é mesmo a alma do negócio.

Ele já foi José Carlos de Barros e tem 41 anos. Mas o nome ficou exatos 20 anos atrás, quando chegou à ilha saindo do Recife para trabalhar como faxineiro em uma pousada. “Ganhava um salário e me ofereceram dois aqui. Aceitei”, conta. José Carlos é de Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, e trabalhou lá, quase escravizado nos canaviais, dos 8 aos 21 anos.

Hoje em dia, a rotina de Gostosinho é intensa, mas prazerosa. Acorda cedo e às 6h já está com a esposa, Cinthia Osório, 29, fazendo o munguzá. A comida é feita até as 13h30. Ele sai na moto meia hora depois para vender e volta às 20h para casa, na Vila do Trinta, reencontrando a mulher, que está grávida de um menino que ganhará o nome do pai.

Os dois se conheceram há 10 anos, na pousada onde trabalhavam e já têm uma filha de dois anos. Como quase todo morador de Noronha, que tem mais de uma fonte de renda, Gostosinho começou a sair com um carro de mão para vender o munguzá feito por ela. “Com uma semana comprei meu próprio carrinho. Com um ano, minha motinha. Hoje sou Micro Empreendedor Individual”, diz, orgulhoso.

Cinco anos atrás, ele ganhou o título de residente de Fernando de Noronha, a ilha onde encontrou tranquilidade. Com o lucro do munguzá, comprou uma casa e um carro na capital, mas frisa que só quer voltar para o continente quando se aposentar. “E só porque não vou conseguir carregar a barraca quando estiver mais velho”, diz.

PROPAGANDA – Mas nem sempre as estratégias de venda fizeram tanto sucesso. “Saía gritando ‘munguzá!!!’ pelo meio da rua, no gogó, mas ninguém comprava. Só resolvi o problema quando comecei a gritar ‘gostosinho’ e fazer cena. Dizia: ‘Calma, pessoal, vamos organizar a fila’, mesmo sem ninguém. Assim juntava gente”, revela.

Para chamar atenção, até o veículo usado nas vendas foi reformado. A moto branca ganhou um cavalo de brinquedo no banco de trás, que faz companhia aos outros bichos que ficam colados no capacete de gostosinho, como tubarão, aranhas, tartaruga e golfinho. No bagageiro, onde os produtos ficam expostos, ficam as fotos com famosos. “Suzana Vieira esteve aqui e comeu tapioca de coco, ainda pediu que eu levasse seis na pousada onde ela estava. Luciano Huck e Angélica comeram munguzá”, conta. Gostosinho aparece no clipe da música ‘Alto Reverso’ da banda O Rappa.

Para encontrá-lo é só seguir a voz no megafone. Duas dicas: ele costuma estar no aeroporto à tarde, nos horários de chegada e saída de voos, ou no por do sol do Forte do Boldró, onde os passeios turísticos costumam terminar. E aí é só desembolsar R$ 5 para testar as funções embelezadoras do munguzá ou descobrir as 21 frutas da salada ou ainda testar a empada de frango, o café e a tapioca só com queijo ou de coco e queijo. Quem garante é “o gostosinho, a delícia móvel”, como diz um dos seus bordões.

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Plana sub mostra a casa dos noronhenses submersos

Passeio tem formações rochosas e ilhotas de Noronha como plano de fundo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Saindo da Baía de Santo Antônio, os tripulantes, já ansiosos, recebem as instruções para o passeio com toques de aventura: no mar azul de Fernando de Noronha, ficarão na água segurando uma prancha ligada ao barco por um cabo, sendo levados a 8 km/h. Usando um snorkel e mergulhando, cada um pode ter as próprias impressões sobre a vida marinha tão própria da ilha.

Não entendeu? Veja o vídeo para se inspirar:

Plana Sub – O mergulho a reboque em Fernando de Noronha

São vários os nomes desse passeio que, na verdade, nada mais é do que um mergulho a reboque no cenário paradisíaco de Noronha: aquasub, pranchasub… Todos eles surgiram da união do esporte com o turismo. Enquanto alguns dizem que já é praticado há mais uma década no arquipélago, outros atribuem a sua criação ao engenheiro de pesca Leonardo Veras, que desenvolveu um modelo de prancha e o patenteou com o nome plana sub há cerca de oito anos.

Antes de cair ao mar, visitantes recebem orientações sobre a prancha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Antes de cair ao mar, visitantes recebem orientações sobre a prancha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Mas o que importa para nós, turistas, é que, hoje em dia, é possível aproveitá-lo, com segurança, de quatro formas diferentes: nas embarcações Eduarda II, Toda Nua e Alquimista II, além das embarcações do Receptivo Atalaia Turismo, que levou a equipe do NE10 de lancha.

A embarcação deixou o porto por volta das 14h, com os tripulantes Douglas e Carlinhos dando as primeiras orientações ao grupo. Usando o lado positivo da prancha para baixo, é possível chegar a oito metros de profundidade. Se a intenção é essa, o lado negativo está ali para não descer tanto – além disso, um colete salva-vidas pode ser usado por quem não sabe nadar.

Os passeios são divididos por grupos: segurando as pranchas, seis turistas na ida e seis na volta. O casal formado pelo administrador Osvaldo Casarim, 62 anos, e a aposentada Deodete Casarim, 61, ambos do interior de São Paulo, era só entusiasmo. “Não conhecia nenhum lugar no Brasil assim”, disse ele. “É lindíssimo”, completou ela.

Peixe assado também é servido no passeio. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Peixe assado também é servido no passeio. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Depois de todos mergulharem, podem relaxar na lancha e compartilhar as experiências. O passeio é o mesmo para todos, mas, acreditem, cada um tem uma impressão e percebe detalhes e cores diferentes do mar.

Para quem esperava só a atividade, vem a parte especial. O passeio inclui uma volta por praias como Americano, Cacimba do Padre e Sancho, enxergando-as de fora, e passando pela pedra do Rugido do Leão, uma formação rochosa na qual o encontro entre a caverna e o mar proporciona um barulho semelhante ao do animal.

Às vezes também é possível registrar a atividade e ver e bichos marinhos. Antes do por do sol, atobás e fragatas no céu aguardam uma bobeira de peixes, entre sardinhas, atuns e outras espécies. Faz parte da cadeia alimentar.

Depois da atividade, turistas podem admirar a vista. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Depois da atividade, turistas podem admirar a vista. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Maravilhados com a cena, alguns visitantes sequer percebem, mas Douglas já está colocando peixe e carne na churrasqueira instalada na parte traseira da lancha.

Quando a comida fica pronta, a embarcação já está de volta à Baía de Santo Antônio. Mas ainda não é hora de atracar, e, sim, o início de outro espetáculo. O por do sol começa no Mar de Dentro, mostrando que Noronha é uma ilha que pode sempre se superar.

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Mabuias são as simpáticas moradoras de Noronha

E aí, o que achou desse bichinho? Foto: Luiz Pessoa/NE10

Poucos são os que saem de lá sem se apaixonar por elas. Simpáticas, as mabuias, de nome científico euprepris atlanticus, estão por toda parte de Fernando de Noronha, tornando-se símbolo da ilha para muitos visitantes – como mostram os perfis de muitos deles nas redes sociais. Esses répteis extremamente dóceis são endêmicos e, embora tenham chegado lá há mais de 500 anos, passaram por grandes adaptações até chegar ao genoma atual, só encontrado no arquipélago.

Dizem que a mabuia até esboça um sorriso. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Dizem que a mabuia até esboça um sorriso. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Não é raro vê-las próximas aos turistas, entrando em bolsas e chapéus. Mas, calma, esses animais não são nocivos. “As mabuias têm excelente convivência com o ser humano. Não são predadas pelo homem, então não o enxergam como inimigos”, explica a bióloga Maria de Lourdes Alves, que atua na administração do arquipélago. E há explicação até para o hábito, digamos, enxerido: as mabuias costumavam ser alimentadas com bolos e pães pelos visitantes.

Porém, isso foi proibido por lei. Como animal selvagem, embora seja adaptada a ambientes urbanos, as mabuias são protegidas em toda a área de Noronha. Quem insiste em alimentá-las pode pagar de R$ 500 a R$ 5 mil de multa. Para os que têm coragem de matar o animal, a penalidade varia de R$ 500 a R$ 10 mil.

Vivendo na natureza, as mabuias costumam comer pequenos insetos e frutos. Não têm dentes nem veneno.

Nesta foto, ela está camuflada na pedra. Mas não é difícil vê-las pelas ruas de Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Nesta foto, ela está camuflada na pedra. Mas não é difícil vê-las pelas ruas de Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

A reprodução desses répteis acontece geralmente de julho a janeiro, período também mais visitado na ilha. É simples: macho e fêmea acasalam, ela gera um ou dois ovos e põe dentro de cavidades de pedras,  em lugares secos. Aproximadamente um mês depois, uma nova mabuia – ou duas – nasce, exatamente igual aos animais adultos. De fevereiro a junho, meses de chuva, são vistos poucos filhotes.

As mabuias não só parecem lagartixas de cor escura e pintadas por bolinhas claras, mas têm uma característica das colegas do continente: a capacidade de regeneração da cauda. “É usada como defesa. Quando o animal se sente ameaçado, solta a cauda”, afirma a bióloga. Os dois principais predadores são gatos e garças.

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Os antepassados delas já haviam escolhido Noronha como lar

Tartarugas podem passar de um metro. Foto: Miguel Igreja/Administração de Fernando de Noronha

Com milhões de anos de existência, as tartarugas mostraram que são muito mais do que pontos de beleza nos oceanos. Importantes para a cadeia alimentar e para o ecossistema, encontram em Fernando de Noronha ponto de alimentação e desova. Duas espécies habitam o arquipélago em momentos da vida desses animais migratórios: a tartaruga verde e a tartaruga de pente.

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Os filhotes das tartarugas verdes nascem após 50 dias de incubação na areia e levam de três a quatro dias na escalada até o mar. No caminho, entretanto, muitas vezes se deparam com algumas ameaças: as redes de pesca e, principalmente, a luz artificial, que desorienta os pequenos animais, criados com a habilidade de seguir a direção da luz natural até o oceano.

Embora sejam direcionados em direção ao mar desde o início da vida, as tartarugas são animais pulmonares, mas não têm a mesma necessidade que nós, humanos, de respirar. Quando são filhotes, ficam mais na superfície para a troca gasosa. Já na fase adulta, aos 30 anos, conseguem ficar por muito tempo no fundo do mar, enquanto o metabolismo funciona lentamente, a não ser que estejam na fase reprodutiva, em que as fêmeas precisam respirar mais vezes. Tanto a verde quanto a pente vivem aproximadamente 100 anos.

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