Por Mari Frazão/ Caderno C

Star Wars: O Despertar da Força, de J. J. Abrams, computou incríveis US$ 760,5 milhões em apenas 20 dias. Nos Estados Unidos, o filme desbancou Avatar, de James Cameron, invicto há seis anos no pódio das maiores bilheterias mundiais. A arrecadação espetacular é ainda maior se levarmos em consideração o universo que gira em torno da franquia milionária criada por George Lucas e comprada pela Disney. Ao longo do ano passado, uma verdadeira histeria foi alimentada através de roupas, bolsas, bonecos e acessórios de todos os tipos.

Passado o tão esperado lançamento do Episódio VII e poucas semanas depois da correria consumista do Natal, as prateleiras ficaram praticamente vazias, exceto pela presença de vários exemplares de um mesmo boneco: Finn. O co-protagonista do filme encalhou em praticamente todas as lojas do Recife. Estreante na saga, vivido por John Boyega, o ex-Stormtrooper é um dos personagens principais do longa e foi apontado pelo Rotten Tomatoes, em uma pesquisa de público, como o segundo melhor personagem do novo episódio da franquia. No entanto, o cenário nas lojas de brinquedos denota uma enorme rejeição ao boneco.

O Jornal do Commercio visitou sete estabelecimentos e em apenas um deles todo o estoque esgotou. Na internet, vários depoimentos ratificam o mesmo panorama: “No Shopping Interlagos (Rio de Janeiro) é a mesma coisa. Fiz questão de perguntar sobre os outros bonecos da série e disseram que foram todos vendidos”, comentou um internauta.

Enquanto Finn “bóia” nas prateleiras, um debate vem tomando conta das redes sociais: parte dos consumidores defendem que o boneco não tem atrativos suficientes para conquistar a criançada, enquanto outra parte do público aponta a existência de outros bonecos que, mesmo com a ausência de sabres de luz ou armaduras, desapareceram das estantes. “Obviamente a cor não é parâmetro de decisão, e sim a diversão e os incrementos do boneco de ação”, defendeu um leitor.

Antes da estreia do filme, uma pequena, porém, não insignificante, minoria dos fãs tentou boicotar o longa, alegando que a produção promove, entre outras coisas, o “genocídio branco”. “Cada vez mais ativismo anti-brancos nas telas do mundo” e “Se Star Wars não quer brancos nos seus filmes, não terá nosso dinheiro”, foram algumas das frases publicadas, na época, no Twitter, acompanhadas da hashtag #BoycottStarWarsVII (Boicote Star Wars VII).

Sobre a polêmica, Boyega foi sucinto: “Foi desnecessário. Estou no filme, o que você vai fazer a respeito disso? Ou você gosta, ou não. E não estou dizendo que você precisa se acostumar com o futuro, porque isso já está acontecendo. Pessoas negras e mulheres estão ganhando cada vez mais espaço nas telas. Tentar esconder isso simplesmente não faz sentido”.

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No começo da semana passada, uma foto de um garoto negro segurando o boneco causou grande repercussão nas redes sociais. Na imagem, postada no Facebook pela mãe do menino, ela escreveu: “Ele nem sabe ainda o que é Star Wars, mas sabe que o boneco é igual a ele. Representatividade importa!”.  A foto teve mais de 34 mil curtidas e 9 mil compartilhamentos e retoma um assunto recorrente na atualidade, mas que, às vezes, cai no esquecimento: a representatividade na indústria cultural. Com tantos atores brancos na TV a discussão sobre inclusão na indústria do entretenimento é necessária.

O ator John Boyega, intérprete do personagem Finn de Star Wars: O Despertar da Força, postou nesse sábado (9) a foto do menino em seu Instagram, o que só fez aumentar ainda mais o debate.