Por Mari Frazão
Roupas, calçados, acessórios, itens de decoração, games e uma infinidade de produtos estão com toda a força desde o anúncio de Star Wars: O Despertar da Força. Diante da histeria que mantém a franquia de George Lucas entre os assuntos mais comentados e mais vendidos do ano, é difícil acreditar que em uma galáxia – ou melhor, época – não muito distante, a saga tenha sido um projeto rejeitado por diversas produtoras. Criada em meados da década de 70, a história completa, formada por nove filmes, parecia uma empreitada arriscada, ousada demais e pouco excitante.
Reza a lenda que, antes de emplacar Guerra nas Estrelas, Lucas nadava contra a corrente em Hollywood: seu primeiro filme, a ficção TXH 1138 (1971), não havia sido bem aceito no mercado. Coube ao megassucesso Loucuras de Verão (1973) o feito de alavancar sua saga espacial. Considerado uma obra-prima de baixo orçamento, o filme rendeu surpreendentes US$ 115 milhões, levando a Fox a acolher Lucas e seu arrojado projeto. Com a incumbência de tornar a franquia mais viável, uma vez que faltavam recursos técnicos para dar vida a certos trechos da história, o diretor decidiu iniciar seus passos com o Episódio IV. Ao lançar Uma Nova Esperança (1977), seguido das continuações O Império Contra-Ataca (1980) e O Retorno do Jedi (1983), Lucas se alçou ao patamar de maior produtor de Hollywood, mudando o futuro não apenas da ficção científica, mas do próprio cinema e cultura pop.
A série trouxe personagens memoráveis, como a corajosa princesa Leia, uma das cabeças da Aliança Rebelde, que tirou a figura feminina do papel de “donzela em perigo” e a apresentou como liderança forte, capaz de traçar seus próprios planos. Sua herança abriu margem para outras heroínas famosas, a exemplo de Sarah Connor (O Exterminador do Futuro) e Katniss Everdeen (Jogos Vorazes). Star Wars também firmou o conceito de trilogia cinematográfica, embora não tenha sido a pioneira – não podemos esquecer de O Poderoso Chefão – nem sequer a de maior sucesso. No entanto, os três primeiros filmes popularizaram o formato, antecedendo franquias como Indiana Jones (1981), do próprio Lucas, De volta para o futuro (1985), de Robert Zemeckis, Matrix (1999), dos irmãos Andy e Lana Wachowski, e O Senhor dos Anéis (2001), de Peter Jackson. A própria saga Star Wars acabou se tornando “uma trilogia de trilogias”.
Também não é incomum a sensação de “déjà vu” envolvendo cenas dos filmes: assim como George Lucas se inspirou em diversas obras para conceber sua maior criação – as famosas letrinhas amarelas no início dos filmes homenageavam a série Flash Gordon dos anos 1930 –, muitos outros filmes e séries beberam na fonte da saga dos Jedi. O embate entre Harry Potter e o apanhador da Sonserina no jogo de quadribol de Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001) se assemelha muito à perseguição entre os Rebeldes e o Império sobre speeder bikes em Uma Nova Esperança.
No longa E.T. – O extraterrestre, do grande amigo de George Lucas, Steven Spielberg, Elliot mostra ao E.T. seus bonecos Boba Fett e Lando Calrissian. Além disso, quando os dois saem, em pleno Halloween, passam por uma criança fantasiada de Yoda. Em troca, uma das células do Senado Galáctico em A Ameaça Fantasma aparece ocupada por membros da espécie do E.T. As referências invadem filmes, seriados (do sitcom Friends até a totalmente geek The Big Bang Theory) e até animações: em uma cena de Toy Story 2 (1999), o antagonista Zurg revela ao astronauta Buzz Lightyear, “Eu sou seu pai”.