Da AFP

Apesar de ser um dos grandes sucessos da história de Hollywood, ninguém apostava em “Star Wars” quando o primeiro filme estreou, em 1977. Nem mesmo em seu criador, George Lucas. “Ninguém podia prever o incrível sucesso e o fenômeno cultural” provocado pela saga espacial, afirma Jonathan Kuntz, professor da escola de Teatro, Cinema e Televisão da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). “Mas quando viram, todos se apaixonaram”, lembra.

Muita gente pensava que seria um filme B que compensaria apenas os gastos da produção. O estúdio 20th Century Fox pensou muito antes de colocar na mesa os cerca de 8 milhões de dólares de orçamento, além de considerar distribuir o filme em poucas salas de cinema do país. O entusiasmo do estúdio era tão pequeno que, sem pensar duas vezes, concedeu a George Lucas os direitos do merchandising.

Os amigos do cineasta também não deram muito crédito após ver o filme em uma sessão privada. “Foi um desastre. Muitos perguntaram se (o filme) funcionaria” economicamente, disse à AFP Gary Kurtz, produtor dos episódios IV e V. Entre tanto pessimismo, somente uma pessoa apostou na imaginação de George Lucas, o cineasta Steven Spielberg. “Disse a ele: ‘É incrível, será um sucesso de bilheteria”, lembra Kurtz.

Mas George Lucas acabou acreditando que seria um autêntico fracasso. Por isso preferiu tirar férias no Havaí para a estreia de “Guerra nas Estrelas” em 25 de maio de 1977. Por sua pouca fé em si mesmo, o cineasta terminou perdendo uma das estreias mais lembradas da indústria do entretenimento. “Foi incrível. Desde a primeira cena, todo mundo gritou” de emoção, diz Kuntz sobre o ambiente que se respirava em um cinema de Los Angeles.

Milhares de pessoas se acotovelaram nas portas dos cinemas, causando intermináveis filas de fãs que saíam das salas e voltavam a esperar sua vez para ver o filme de novo. “Guerra nas Estrelas” continuou no circuito nos Estados Unidos durante um ano inteiro, ganhou seis prêmios Oscar e arrecadou 775 milhões de dólares em todo o mundo, número histórico para a época.

Desde então, as duas trilogias arrecadaram mais de 4,4 bilhões de dólares. A estreia da terceira trilogia, com o filme “O Despertar da Força”, em 18 de dezembro em todo o mundo, vai transformar a franquia na “campeã indiscutível de bilheteria”, estima Jeff Bock, analista da empresa Exhibitor Relations.

ARQUÉTIPOS –  O fenômeno “Star Wars” é um dos sucessos cinematográficos mais estudados nas universidades. Um de seus principais segredos são seus personagens, com quem tanto uma criança pequena quanto um adulto podem se identificar, lembra Kurtz. O intrépido piloto Han Solo, a princesa Leia, o fiel guerreiro Chewbacca e o malvado Darth Vader são alguns dos personagens mais venerados pelos fãs.

Esta ópera espacial inspirada nos desenhos animados “Flash Gordon” também segue uma estrutura clássica comparada ocasionalmente com uma odisseia mitológica. O furor dos seguidores também se deve ao humor misturado com a ação e a esperança que se desprende da trama, diz Kuntz.

“Não descreve um futuro pós-apocalíptico”, afirma, em comparação com outras obras-primas da ficção científica, como “Matrix e Blade Runner”. “Há uma espécie de inocência entre as forças do bem e do mal que lutam”, diz.  “Realmente foi um fenômeno e é complicado explicar o porquê. Se tivessem me dito há 40 anos que seria um sucesso, não teria acreditado”, diz Kuntz.