Embarque nesta Nave e ajude a mapear a vida aquática de Noronha

Visitantes observam fundo do mar pela lente do barco. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Naufrágios, tubarões, tartarugas e peixes coloridos não estão só ao alcance dos olhos dos mergulhadores em Fernando de Noronha. Única do gênero em funcionamento no País, a expedição Nave permite ao turista uma viagem ao fundo do oceano Atlântico, explorando detalhes da vida marinha através da lente do barco.

A primeira etapa do passeio é para as primeiras instruções sobre o que poderá ser encontrado na costa noronhense, na concentração às 8h, no Museu do Tubarão.

Leonardo Veras explica quais são os animais mais comuns em Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Didaticamente, o engenheiro de pesca Leonardo Veras, curador do museu, usa o espaço lúdico para explicar desde as técnicas para não enjoar – não fixar o olhar apenas na lente da embarcação e tentar “enganar o cérebro” trocando de paisagens – até as mudanças da cor do mar – mais verde nas proximidades do Porto, por causa da concentração de algas microscópicas, e azulado ao se afastar, devido à ação da corrente equatorial e à menor presença de nutrientes.

Todos avisados de que não há certeza sobre o que poderá ser visto, a expedição pode sair. “Os animais têm comportamento exótico”, adverte. A única certeza é sobre as estatísticas dos passeios anteriores, elaborada de acordo com a observação dos próprios visitantes: tartarugas apareceram em 88,6% dos passeios; arraias em 77,3%; golfinhos em 63,4%; e tubarões em 37,3%. E, como o mar é mesmo cheio de surpresas, expectativas frustradas: nada de golfinhos na nossa expedição.

A Nave é um barco russo com motor sueco que, há quatro anos, transporta 15 tripulantes, contando com Leonardo Veras, o piloto Dadinha e o auxiliar Bacana.

Ao deixar o porto, cerca de uma hora depois das instruções, um naufrágio é a primeira atração. “Esse é de máquinas a vapor, o mesmo do Titanic”, explica Veras. Em seguida, já foi possível ver cardumes de peixes tesourinha e cirurgião. A nove metros de profundidade, surgem tartarugas, que, devido à ilusão de ótica provocada pela lente, parecem pequenas, mas podem chegar a um metro de carapaça.

Os corais de fogo conseguem chamar ainda mais atenção dos turistas. Constituídos por dois organismos, vegetal e animal, ganham coloração amarelada, levando rochas a parecerem pepitas de ouro. Essas formações são compostas pelos peixes donzelas de rocas, amarelos e lilás, e por algas que mantêm atividades 24 horas – durante o dia produzindo açúcares na fotossíntese e à noite estendendo redes microscópicas para a alimentação. Apesar da beleza, os corais não devem ser tocados, pois produzem substâncias urticantes.

Foto: Luiz Pessoa/NE10

Daniel e Carin conseguiram observar todos os animais no passeio. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Um cardume de sardinhas, outro de sargentinhos e ainda um peixe conhecido como tubarão do Paraguai também passaram pelo barco. De verdade, um tubarão lixa, apelidado de Chico, que costuma saudar os visitantes, cumpriu o ritual próximo à Ilha do Meio.

Sandra afirma que a Nave é um passeio inclusivo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Sandra afirma que a Nave é um passeio inclusivo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Elogiado por Leonardo Veras por ter sido o que mais percebeu a presença de animais distintos ao longo do passeio, o médico de Niterói (RJ) Daniel Thiengo, 34 anos, justifica que aprendeu com a esposa, a bióloga Carin Caputo, 33. Apesar de se planejarem desde que se conheceram, há 15 anos, para ir a Noronha, esta foi a primeira vez. E já se apaixonaram pelo lugar. “Esse foi o passeio mais legal”, disse ela.

Para a psicóloga carioca Sandra Cerqueira, 37, um dos pontos positivos do Nave é a riqueza dos conhecimentos repassados pelos tripulantes, além da possibilidade de incluir pessoas que não podem mergulhar. “Minha mãe, por exemplo, é obesa e teria dificuldade de fazer outras atividades. Aqui ela teria contato com tudo sem problemas”, afirmou. Sandra foi de férias a Noronha e disse ser “a primeira vez de muitas”.

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