Por Romeu Coutinho

Steve Jobs era adepto da teoria de que ninguém faz nada do zero. Alguém sempre pega uma ideia de algum lugar e a adapta. Com George Lucas não foi diferente. O Universo Star Wars está repleto de elementos de outras produções do cinema, televisão e também religiosas. E este último é o que pretendo tratar aqui.

Em Star Wars não identificamos a citação ou culto a algum ser divino. O mais próximo disso é a “Força”, que não é uma divindade. Mesmo assim, existe um conceito de religião, visto que existem visões e interpretações diferentes sobre ela. É o caso dos Jedi, seguidores e mestres do lado luminoso da Força e os Sith e Irmãs da Noite, adeptos do lado sombrio. Cada ser em Star Wars pende para um dos lados, numa clara referência ao maniqueísmo, uma filosofia religiosa que divide o mundo entre o bem (luz) e o mal (sombras). Além da presença do maniqueísmo, Star Wars sofreu bastante influência do Cristianismo.

O Messias x O Escolhido
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O personagem central da trama de George Lucas é Anakin Skywalker, um Cavaleiro Jedi concebido por vontade da Força, não tendo assim um pai biológico. Anakin seria “O Escolhido”, o cumprimento de uma antiga profecia quase messiânica, onde surgiria um ser extremamente poderoso com a Força e o mesmo seria responsável por trazer equilíbrio a ela. O nascimento de Anakin é uma referência clara a história do nascimento de Cristo e Shmi Skywalker, sua mãe, a representação de Maria, a mulher que engravidou do Messias.

A queda
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É possível também observar elementos da queda do Homem no Éden (narrada no Livro de Genesis) na história de Anakin. Darth Sidious utiliza a mesma estratégia que a serpente utilizou para fazer com que Adão e Eva desobedecessem a Deus: A vaidade. Na narrativa bíblica, A serpente diz a Eva que se ela comer do fruto, seria como Deus, conhecedora do bem e do mal. Sidious diz para a Anakin que se ele quiser se tornar um líder completo e sábio, precisa ter uma visão mais ampliada da Força, ou seja, conhecer tanto o lado luminoso como o lado sombrio.

Han Solo x São Tomé
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“Já voei de um lado a outro nesta galáxia… e já vi muita coisa estranha… mas nunca vi nada que me fizesse acreditar… que existe uma força poderosa controlando tudo. Nenhum campo de energia mística controla meu destino. É tudo bobagem e um monte de truques baratos.” (Han Solo).
Solo é uma referecia clássica ao apóstolo São Tomé, famoso por ser aquele que “só acredita  vendo”.  Assim como Tomé, Solo apenas passa a crer na Força após testemunhar os acontecimentos da Guerra Civil Galática e a convivência com o Jedi Luke Skywalker.

C-3PO e o bezerro de ouro do Êxodo
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No Retorno de Jedi, Luke, Leia e Han Solo são capturados por um povo primitivo, os Ewoks, nativos da Lua de Endor. Os Ewoks consideram o droid C-3PO uma divindade, uma inspiração em uma passagem livro do Êxodo, quando os hebreus, fugidos do Egito, fabricam e fazem adoração a um bezerro de ouro.

Apesar das influências, nunca declaradas por George Lucas, diga-se de passagem, Star Wars é e sempre será uma história de ficção. Nem cristã, nem anti-cristã. O que devemos fazer então?  Pegar a pipoca e curtir, claro!