Noronha é destino também para viajantes de fim de semana; veja roteiro

Morro Dois Irmãos é um dos principais cartões postais de Noronha. Vista é do mirante na trilha que pode ser acessada no PIC Sancho/Golfinho. Foto: Luiz Pessoa/NE10Morro Dois Irmãos é um dos principais cartões postais de Noronha. Vista é do mirante na trilha que pode ser acessada no PIC Sancho/Golfinho. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Promoções cada vez mais constantes de passagens aéreas têm incluído Fernando de Noronha nos destinos com desconto, em voos que saem de Recife e Natal. Assim, as oportunidades são maiores de conhecer a ilha e, mesmo para quem não tem férias previstas, pode aproveitar um fim de semana para relaxar por lá. Veja um roteiro para poucos dias – mas o ideal é reservar pelo menos sete dias para o arquipélago:

Sexta-feira

É possível ver vários pontos de Noronha do Forte dos Remédios e, por isso, ele é escolhido para o pôr do sol. Foto: Luiz Pessoa/NE10

É possível ver vários pontos de Noronha do Forte dos Remédios e, por isso, ele é escolhido para o pôr do sol. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Todos os voos chegam a Noronha à tarde. Para aproveitar desde os primeiros momentos, tem que deixar as malas na pousada e correr para assistir ao pôr do sol. Alguns dos pontos preferidos são os fortes de São Pedro do Boldró, onde muita gente se reúne após os passeios, e de Nossa Senhora dos Remédios, que tem vista para vários pontos da ilha, além da Praia da Conceição, a mais badalada. Mas antes, se estiver com fome, vale parar na saída do aeroporto para um lanche em Gostosinho, um dos personagens da ilha que gostam de bater papo, contar histórias e dar dicas.

Depois desse espetáculo, que já impressiona e pode causar o tal sentimento de “euforonha“, é hora de provar a gastronomia noronhense. Tem moqueca, ceviche, paella, bolinho de carne de tubarão, camarão empanado com coco, pratos com nomes de famosos, torta de jaca, self service

Forró é o ritmo das noites de sexta no arquipélago. Após o jantar, é hora de ir à festa no Bar do Cachorro, que fica na histórica Vila dos Remédios. São vários estilos – pé de serra, universitário, estilizado – e a entrada custa R$ 20. Mas não vá dormir muito tarde, pois o passeio no dia seguinte começa cedo.

Toda noite tem uma festa em Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Toda noite tem uma festa em Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Sábado

Cachorrão e Cachorrinho afirmam que o Dog Móvel é inclusivo. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Cachorrão (à direita) é um dos que fazem o Ilhatour. Foto: Luiz Pessoa/NE10

O Ilhatour é um passeio para quem não conhece Noronha ainda. De buggy, os turistas podem percorrer os lugares mais bonitos da ilha, incluindo as praias, onde há paradas para fotos e banhos de mar. A atividade custa uma média de R$ 150 e é oferecida pelo receptivo Atalaia Turismo. Um dos personagens mais famosos de lá, Cachorrão, também faz o passeio – a ainda provoca boas risadas.

Se você já conhece o arquipélago, há várias opções. Uma delas é, pela manhã, explorar lugares não tão visitados, como a Praia da Atalaia e as enseadas da Caieira e dos Abreus. Mas é bom se programar, pois o horário deve ser reservado na sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na Alameda do Boldró.

Para quem vai só para relaxar no paraíso, uma opção é relembrar quais são as praias que mais gostou e passar a manhã por lá. Algumas dicas são as praias do Sancho e da Cacimba do Padre e a Baía dos Porcos, que não são tão movimentadas.

Panorâmica mostra praias do Mar de Dentro, do Sancho à Cacimba do Padre. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Panorâmica mostra Praia do Sancho, no Mar de Dentro. Foto: Luiz Pessoa/NE10

À tarde, o pôr do sol pode ser no passeio de barco pelo Mar de Dentro, geralmente ladeado pelos golfinhos. A atividade custa cerca de R$ 140. Os mais dispostos têm também a opção de passear pela ilha em bicicletas elétricas alugadas na sede do ICMBio ou fazer trilhas, como a Costa dos Mirantes, que vai até o Mirante dos Golfinhos, seguindo pela encosta até o Dois Irmãos; ou a Capim-Açu, passando pela caverna e por piscinas naturais até chegar à Praia do Leão.

Morro do Pico, ao lado da Praia da Conceição, é outro cartão postal da ilha. Foto: Antônio Melcop/Administração de Fernando de Noronha

Morro do Pico, ao lado da Praia da Conceição, é outro cartão postal da ilha. Foto: Antônio Melcop/Divulgação

A noite pode começar com uma visita ao Projeto Tamar, onde há palestra todos os dias, às 20h. A de sábado é sobre as tartarugas marinhas.

De lá, você pode seguir para o Festival Gastronômico da Pousada Zé Maria. São dezenas de opções, entre peixes, frutos do mar, carne. Há outras dezenas de sobremesas, incluindo tortas e doces. Só não deixe de comer a paella e o brownie, que são os clássicos.

Quem ainda tiver disposição segue para o reggae no Muzenza, localizado na Vila dos Remédios. Mas o ritmo jamaicano não é o único na festa, onde rock, pop e MPB também têm vez. A entrada custa R$ 20.

Domingo

O passeio de barco pode ser a escolha para os visitantes que fizeram o Ilhatour no sábado. Vale a atividade como uma visita às praias do Mar de Dentro ou para o plana sub, um mergulho a reboque.

Golfinhos costumam aparecer para os turistas nos passeios de barco. Foto: Antônio Melcop/Administração de Fernando de Noronha

Golfinhos costumam aparecer para os turistas nos passeios de barco. Foto: Antônio Melcop/Divulgação

Para quem já foi a Noronha, este é o dia de mergulhar de cilindro, uma chance de conhecer de perto esse universo tão diferente que é o fundo do mar. O Batismo é o passeio ideal para os iniciantes. O preço é, em média, R$ 440. É quase unanimidade que vale a pena!

Se ainda não tem coragem para isso, deixando o Batismo para a próxima ainda, o mergulho com snorkel na Praia do Sueste é mais tranquilo e dá para passar um tempo com os animais que habitam o mar de Noronha. Os mais vistos são as tartarugas.

Se não deu tempo de fazer trilha ou passear de bicicleta pelo arquipélago ainda, a chance é na tarde de sábado. À noite, tem o Samba Depois da Missa no Muzenza, após mais um jantar em um dos restaurantes noronhenses.

Visita ao Museu Noronhense, para conhecer a história da ilha, pode ficar para a segunda. Foto:

Visita ao Museu Noronhense, para conhecer a história da ilha, pode ficar para a segunda. Foto:

Segunda-feira

Um último mergulho nas águas do Mar de Dentro é o passeio certo antes de voltar para casa. As praias do Cachorro, do Meio e da Conceição são de acesso mais fácil, pela Vila dos Remédios. Antes de retornar à pousada e se arrumar para o check out, um passeio pelo centro histórico, passando pelo Museu Noronhense e pelo Forte de Nossa Senhora dos Remédios. Os voos saem para Recife ou Natal à tarde.

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Você sabia? Nome de Noronha é homenagem a português que nunca foi à ilha

Canhões e outros objetos dos fortes são vistos em muitos lugares turísticos de Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10Canhões e outros objetos dos fortes são vistos em muitos lugares turísticos de Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Fernando de Noronha é hoje o destino dos sonhos de muita gente. Mas não foi sempre assim. Descoberta em 1503 por Américo Vespúcio – sim, o mesmo dá nome ao nosso continente – na segunda Expedição Exploradora, o lugar chamado pelo navegador de paraíso desde o primeiro momento foi entregue no ano seguinte pela Coroa, como Capitania Herediária, ao fidaldo português Fernão de Loronha, financiador da missão. Loronha – com ‘l’ mesmo – e a família nunca pisaram lá. Não sabem eles o que perderam.

Ilha já foi chamada de Quaresma, São João, Pavônia, Isle Dauphine, Fora do Mundo... História de cada um é contada no Museu Noronhense, na Vila dos Remédios. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Ilha já foi chamada de Quaresma, São João, Pavônia, Isle Dauphine, Fora do Mundo… História de cada um é contada no Museu Noronhense, na Vila dos Remédios. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Séculos depois, o arquipélago recebeu invasores de diversas nacionalidades e presidiários, até ser transformada em destino turístico a partir de 1988, quando voltou a ser território pernambucano. A primeira vez em que fez parte do Estado foi em 1700, quando nada foi feito para ocupá-la.

Isso antecedeu a ocupação francesa, pela Companhia das Índias Orientais, por dois anos, entre 1734 e 1736. Apesar do curto período, esses foram os mais constantes visitantes da ilha, usando primeiro para o descanso das expedições. O pouco tempo também serviu para alertar Portugal sobre a importância de proteger Noronha, naquela época chamada Isle Dauphine, por causa dos golfinhos que lá estão até hoje.

Para defendê-la, a Coroa ergueu, em 1737, o maior sistema fortificado do País. Eram 10 fortes, sete no Mar de Dentro, dois no Mar de Fora e um deles numa ilha secundária, a de São José, que pode ser vista da Ponta da Air France – local que, aliás, ganhou esse nome por causa dos franceses, povo que, dois séculos depois, de invasor, passou a atuar na ilha em cooperação técnica através da telegrafia e da aviação. Atualmente, os visitantes convivem com o que sobrou dessa fortaleza.

Vespúcio chamou Noronha de "ilha maravilhosa" e é sua a expressão: "O paraíso é aqui". Foto: Luiz Pessoa/NE10

Vespúcio chamou Noronha de “ilha maravilhosa” e é sua a expressão: “O paraíso é aqui”. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Antes disso tudo, porém, os holandeses já haviam permanecido na ilha por 25 anos, entre 1629 e 1654 – a ocupação acabou com a rendição deles em Pernambuco. Foram eles que fizeram experimentos agrícolas e construíram residências e armazéns na Vila dos Remédios, área até hoje mais urbanizada e que recebe passeios de quem quer conhecer a história de Noronha. Ao mesmo tempo, no século XVII, foi construído o vilarejo na Quixaba, ao lado da Praia da Cacimba do Padre.

Forte de São Pedro do Boldró é de onde muita gente assiste ao pôr do sol. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Forte de São Pedro do Boldró é de onde muita gente assiste ao pôr do sol. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Iniciada pelos holandeses, a Vila dos Remédios sofreu maior interferência na década de 1940, três séculos depois, com a super ocupação norte-americana na Segunda Guerra Mundial. Parte da estrutura antiga foi abandonada, surgindo, então, construções pré-moldadas. Os Estados Unidos construíram também nesse período uma base entre a Baía do Sueste e a Praia da Atalaia, além de uma pista de pouso. Calma, não houve luta em Noronha! Mas, de 1957 a 1965, os norte-americanos transformaram a ilha em um dos palcos da Guerra Fria, instalando lá o 11º posto de observação de mísseis teleguiados, na região do Boldró.

Italianos e ingleses já haviam passado por lá nesses séculos. Um deles foi ilustre. Na viagem que fez no navio Beagle, em 1832, Charles Darwin fez a segunda parada em Noronha, descrevendo detalhes no seu livro “Viagem de um naturalista ao redor do mundo”. Leia um pequeno trecho em que o cientista cita o Morro do Pico:

“Fernando de Noronha, 20 de fevereiro de 1832

O que há de mais notável em seu caráter é uma colina de forma cônica, elevando-se a cerca de trezentos e dez metros de altura e tendo o cume excessivamente encarpado, a lado do qual se projetava fora da base.”

Fortaleza dos Remédios é em ponto privilegiado, de onde boa parte da ilha pode ser vista. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Fortaleza dos Remédios é em ponto privilegiado, de onde boa parte da ilha pode ser vista. Foto: Luiz Pessoa/NE10

PRESÍDIO – Quem também escreveu sobre a ilha (veja trecho abaixo) foi o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes. O socialista estava no cargo quando Noronha voltou a ser território do Estado. Antes, porém, esteve lá quando era preso político. Arraes estava entre os 34 prisioneiros enviados após o golpe militar de 1964. Só foi visitado uma vez e deixou a ilha apenas para vir ao Recife para o casamento da sua filha mais velha, Ana Arraes – mãe do ex-governador Eduardo Campos (PSB) e ministra do Tribunal de Contas da União. Como o socialista estava preso, o casamento foi na capela da Base Aérea, no Recife, de onde ele retornou imediatamente para a ilha onde ficaria por mais oito meses.

Praia do Sancho pode ser vista do Forte de São João Baptista dos Dois Irmãos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Praia do Sancho pode ser vista do Forte de São João Baptista dos Dois Irmãos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

“Recife, 4 de outubro de 1988

…Quis a história que fosse eu governador de Pernambuco que tem sob a sua responsabilidade a reincorporação deste pedaço do território pernambucano, apartado arbitrariamente pelo Estado Novo, em 1938. Sabam os noronhenses que conheci a ilha em circunstâncias traumáticas da vida nacional. Vou voltar ao arquipélago sob a égide de uma nova Constituição que traz esperanças à reconstituição democrática do País.”

A ilha já havia sido prisão para nomes como Gregório Bezerra e Carlos Marighella no fim da década de 1930. Para lá eram enviados indivíduos considerados “perigosos à ordem pública”, como integralistas, comunistas e aliancistas. Além deles, ciganos, inimigos da causa da Independência, membros da Revolução Farroupilha e da Revolução Praieira, capoeiristas, entre outros.

Parte da construção da Fortaleza dos Remédios continua lá "para contar a história". Foto: Luiz Pessoa/NE10

Parte da construção da Fortaleza dos Remédios continua lá “para contar a história”. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Isso não é tão recente, pois a primeira vez em que Noronha serviu como presídio foi em 1737, quando era a Colônia Correcional, para abrigar, servindo como mão de obra, homens condenados a longas penas, entre ladrões, assassinos, moedeiros falsos e contrabandistas que eram levados de Pernambuco.

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Forró e reggae são os ritmos da noite noronhense

Banda que se apresenta no Muzenza todo sábado é composta por moradores da ilha. Foto: Luiz Pessoa/NE10Banda que se apresenta no Muzenza todo sábado é composta por moradores da ilha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Já imaginou um lugar onde segundas-feiras parecem não existir? É assim em Fernando de Noronha. Depois de um dia inteiro relaxando, é hora de comer bem. E, principalmente, de ir à balada. Todo os dias, um ritmo: forró, MPB, reggae, samba. Às vezes, tudo misturado. As festas costumam começar tarde, depois das 23h, sempre misturando ilhéus e visitantes.

Veja a programação:
Segunda-feira – Maracatu no Bar do Cachorro, às 23h
Terça-feira – Música ao vivo no Ginga Bar, às 22h
Quarta-feira – Forró no Bar do Cachorro, às 23h
Quinta-feira – Reggae no Muzenza, às 22h30
Sexta-feira – Forró no Bar do Cachorro, às 23h
Sábado – Reggae no Muzenza, às 22h30
Domingo – Samba Depois da Missa no Muzenza, às 22h

Toda noite tem uma festa em Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Toda noite tem uma festa em Noronha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

A programação noturna começa já no pôr do sol. Há a opção tradicional de ir ao Forte do Boldró, destino de muitos visitantes no fim da tarde. Porém, o início da noite pode ser com música instrumental, com o saxofonista Joel Santos, no Bar do Cachorro, de segunda-feira a sábado. Depois do saxofonista, às 20h, tem Música Popular Brasileira por três horas. As noites de segunda, quarta e sexta terminam com arrasta pé em vários estilos: pé de serra, universitário, estilizado. A entrada custa R$ 20.

Mas a programação pode incluir também uma ida ao Projeto Tamar, onde há exibição de vídeos e palestras todos os dias, às 20h, e jantar em um dos restaurantes. Quem estiver na ilha no sábado pode conhecer ainda a Feira da Sustentabilidade, montada na Praça São Miguel, na Vila dos Remédios, às 18h.

As noites de quinta-feira com reggae são realizadas no Espaço Cultural Muzenza há mais de 15 anos. Nos sábados, além do ritmo jamaicano, a banda composta por moradores da ilha – com participações especiais do público – passa por pop, rock e o que mais rolar. O local também é aberto de terça a domingo, a partir das 19h, como uma pizzaria que tem voz e violão.

Sábado é dia de misturar tudo no Muzenza. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Sábado é dia de misturar tudo no Muzenza. Foto: Luiz Pessoa/NE10

O bar, que fica ao lado da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, também tem samba todo domingo, às 18h, logo após a missa. Quando foi criado, há cerca de quatro anos, era da forma mais tradicional: ao redor da mesa. Mas foi aumentando as proporções e os músicos agora se apresentam no palco para turistas e nativos. O ingresso para todos os dias no Muzenza é R$ 20.

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Cacimba tem cardápio de famosos em Noronha

Peixe leva o nome de Amália Stringhini, esposa do jornalista Evaristo Costa. Foto: Luiz Pessoa/NE10Peixe leva o nome de Amália Stringhini, esposa do jornalista Evaristo Costa. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Bruno Gagliasso, Evaristo Costa, Patrícia Poeta. Em breve, Daniela Mercury e Mallu Verçosa. Deixando as risadas pelas piadas de duplo sentido que isso provoca, eles são os pratos do Cacimba, um bistrô com cara de restaurante. Na casa secular na Vila dos Remédios, também vão à mesa os famosos de Fernando de Noronha: Zé Maria Sultanum e padre Glênio, o religioso surfista.

Chef Auricélio Romão é o criador dos pratos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Chef Auricélio Romão é o criador dos pratos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Com proposta de ser simples, sofisticado e gostoso, o Cacimba tem essa administração há dois anos, com o chef Auricélio Romão e as jornalistas Ana Clara Marinho e Edna Moura. É para ser um espaço de amigos.

Foi assim que surgiu a brincadeira dos nomes para os pratos. Geralmente levando em consideração o que os visitantes – e amigos – gostam de comer, o chef elabora a receita. “Bruno (Gagliasso) é louco por lagosta. E todo mundo quer comer Bruno”, brinca, falando sobre os pastéis do fruto do mar, um dos pratos mais pedidos. Agora, Auricélio dará o nome da esposa do ator, Giovana Ewbank, a uma moqueca de lagosta.

Mas o processo pode ser diferente, como aconteceram como os deliciosos churros com recheio de doce de leite e creme de avelã e crosta de canela e açúcar. Depois que Daniela Mercury e a esposa, Mallu Verçosa, comeram a sobremesa, pediram que o doce ganhasse seu nome. As duas estavam em lua de mel em Noronha.

Amália Stringhini, esposa do jornalista Evaristo Costa, virou um peixe levemente picante, servido com arroz de coco e um purê de batata verde que tem história. “Ela estava com as crianças e pediu para bater brócolis com batata, como a mãe fazia para as crianças”, conta o chef, que adicionou manjericão à receita. O pescado é atum, um dos peixes da ilha, grelhado com pimenta biquinho.

O peixe também está no filé ao molho de coco com gengibre que leva o nome do chef César Santos. O prato é um hit da casa e acompanha arroz de curry e purê de jerimum. Não é a toa que é chamado com o nome de um especialista em gastronomia.

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Caminhada histórica e trilhas são passeios para os idosos em Noronha

Passeio de catamarã é uma das sugestões. Foto: Breno Lucio/DivulgaçãoPasseio de catamarã é uma das sugestões. Foto: Breno Lucio/Divulgação

Aos 90 anos, a aposentada Anita Costa realizou, este ano, o sonho de conhecer Fernando de Noronha. Escolhendo a ilha para o passeio, a mineira comprovou o que o trade turístico tem observado há pelo menos três anos: cada vez mais idosos têm visitado Noronha. Aventura e ecoturismo também têm vez na terceira idade.

Anita tirou a clássica foto de sereia no Museu do Tubarão. Foto: Ana Maria/Cortesia

Anita tirou a clássica foto de sereia no Museu do Tubarão. Foto: Ana Maria da Silva/Cortesia

A aposentada esteve no arquipélago com a filha, a médica paulista Ana Maria da Silva, 58. As duas viveram no Nordeste na década de 1980, quando Ana Maria estudou na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e, nesse período, viajaram do Maranhão a Sergipe pegando carona em caminhões. Mas, por questões financeiras, ainda ficou nos planos a visita a Noronha. “Prometi a ela que daria essa viagem quando tivesse condições. Hoje realizamos nosso sonho”, comemora a filha. O aniversário da aposentada é no dia 27 de junho e o passeio foi um presente antecipado.

Ativa e sorridente, Anita estava subindo a ladeira ao lado da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios quando encontrou a reportagem do NE10 e já quis falar. “Se tiver coragem, a pessoa faz tudo o que quiser”, diz. Praia da Conceição, Museu do Tubarão, passeio de barco e mirantes com vista para a Praia do Sancho e a Baía dos Golfinhos foram alguns dos passeios.

PASSEIOS – De acordo com uma pesquisa feita pela Secretaria de Turismo de Pernambuco em 2014, quem tem de 61 a 65 anos representa 2,51% dos turistas e, acima dos 65 anos, 1,93%. Os empresários calculam que o aumento desde 2012 foi de pelo menos 10%.

De olho nesse público, que geralmente já chega a Noronha com pacotes fechados e em grupo, os receptivos têm aperfeiçoado os serviços. A Atalaia tem guias focados no atendimento de idosos e um veículo adaptado.

Instalação de trilhas suspensas no Parque Nacional é um dos motivos por que houve o crescimento no número de idosos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Instalação de trilhas suspensas no Parque Nacional é um dos motivos por que houve o crescimento no número de idosos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Uma das atividades mais indicadas é a caminhada histórica, que percorre os principais pontos da Vila dos Remédios e termina nas praias com acesso mais simples na ilha: Cachorro, Meio e Conceição.

Anita e a filha estavam na Vila dos Remédios quando se encontraram com a equipe do NE10. Foto: Amanda Miranda/NE10

Anita e a filha estavam na Vila dos Remédios quando se encontraram com a equipe do NE10. Foto: Amanda Miranda/NE10

“O mais legal é que no Memorial Noronhense as pessoas veem as fotos do que é dito nessa caminhada”, afirma a presidente da Associação de Condutores e Divulgadores de Informações Turísticas de Fernando de Noronha (Acitur), Sílvia de Morais Nobre, carioca que vive na ilha há 30 anos.

Alguns grupos ainda descobrem lendas de Noronha ao chegar à Fortaleza dos Remédios. “Tem a lenda da Alamoa, que é uma figura loira alemã que vivia lá na época do presídio. Em dias de lua cheia portões eram abertos e alguns sentinelas que ficavam nas guaritas dos Remédios se rendiam à beleza escultural daquela mulher. Mas, quando tentavam chegar perto, acabavam caindo da fortaleza”, conta Sílvia.

A assessora da diretoria da Atalaia Caroline Sousa sugere ainda as trilhas da Costa dos Mirantes, que incluem os pontos de onde é possível ver a Praia do Sancho, eleita duas vezes a mais bonita do mundo. “É um local com facilidade de acesso e para contemplação”, afirma.

Anita e a filha visitaram o mirante com vista para a Baía dos Porcos, no Parque Nacional. Foto: Ana Maria da Silva/Cortesia

Anita e a filha visitaram o mirante com vista para a Baía dos Porcos, no Parque Nacional. Foto: Ana Maria da Silva/Cortesia

Os idosos podem ainda fazer o Ilhatour e o passeio de barco. Se for pela Atalaia, a atividade é feita em um catamarã, que não balança muito. Uma parada é na Praia do Sancho, onde os turistas podem fazer mergulho livre. Sílvia de Morais Nobre afirma ter se surpreendido com a disposição e a facilidade de muitos grupos para usar o snorkel.

A presidente da Acitur alerta os turistas para alguns cuidados, como informar aos guias se têm bom condicionamento físico. “Eu não posso dizer seu limite. Mas o público da terceira idade é muito responsável. Quando explicamos o roteiro, já sabem se têm condições”, explica. Outras dicas é levar tênis confortáveis, repelente e muita água, além de lanterna para sair à noite.

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Praia do Cachorro

Foto: Miguel Igreja/Administração de Fernando de NoronhaFoto: Miguel Igreja/Administração de Fernando de Noronha

A Praia do Cachorro é localizada mais próximo à Vila dos Remédios, o centro urbano de Fernando de Noronha. Talvez por isso é a mais frequentada por moradores e turistas.

A reia é clara e fofa, mas há também pedras que formam piscinas naturais com peixes coloridos e um paredão de rochas.

A água do mar é característica do Mar de Dentro: calma e cristalina. O Cachorro também oferece água doce através de uma fonte e uma bica, ao lado da escadaria de acesso à praia.

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Praia do Meio

Foto: Miguel Igreja/Administração de Fernando de NoronhaFoto: Miguel Igreja/Administração de Fernando de Noronha

Entre a Conceição e o Cachorro está a Praia do Meio. Com águas mansas e pedras, é muito usada pelos banhistas, mas ganha boas ondas no período de ressaca.

É uma das poucas com bar estruturado, localizado no canto esquerdo da praia. De lá, muita gente assiste ao por do sol. O acesso é pela Vila dos Remédios.

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