A história de Noronha contada a partir das suas igrejas

Igreja Matriz de Noronha: testemunha da história da ilha. Foto: Luiz Pessoa/NE10Igreja Matriz de Noronha: testemunha da história da ilha. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Do meio da Vila dos Remédios, a localidade mais antiga de Fernando de Noronha, a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios já assistiu a passagem de franceses, holandeses, italianos, norte-americanos, portugueses. Datada de 1772, é uma das construções cuja história se confunde com a do arquipélago. Além dela, a ilha tem a Capela de São Pedro e a Igreja de Nossa Senhora das Graças.

A construção começou em 1731, 200 anos após a descoberta da ilha, mas só foi concluída em 1770 para a inauguração dois anos depois. Os presos que ficavam na ilha, usada como presídio, fizeram a primeira restauração, em 1833.

Igreja foi erguida há mais de dois séculos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Igreja foi erguida há mais de dois séculos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Ao contrário da igreja, a Vila dos Remédios, principal núcleo urbano, passou por diversas mudanças no período. As primeiras construções datam de um século antes do templo, período em que os holandeses ocuparam a área – de 1624 a 1654.

Além da matriz, foram edificados, primeiro por holandeses e depois por portugueses, prédios públicos, alojamentos, oficinas para presidiários, escola e hospital. Estrategicamente, não era vista do mar.

Hoje em dia, a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios tem missas nos domingos, às 20h, e nas quartas-feiras, às 11h, além das celebrações de Adoração ao Santíssimo, nas quintas-feiras, às 20h, e do Terço dos Homens, nos sábados, às 20h. A missa em homenagem à padroeira é no dia 29 de agosto.

O padre responsável pelas celebrações há dois anos é Flávio José Ribeiro de Araújo, 31 anos. Reservado, mas atencioso com os moradores, o padre leva uma vida de trabalhos religiosos principalmente voltadas aos jovens ilhéus. O único banho de mar é nas tardes de domingo, na Praia do Cachorro, próximo à paróquia. Tudo para aproveitar o dia de menor movimento na paróquia e na praia.

Capela de São Pedro fica em local privilegiado, com vista do mar de dentro e do mar de fora. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Capela de São Pedro fica em local privilegiado, com vista do mar de dentro e do mar de fora. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Ao chegar a Noronha, o padre Flávio encontrou um evento que costumava celebrar no continente: a barqueata. Nos quatro primeiros anos de ordenado, acompanhou a procissão marítima de São José do Amarante, em Itapissuma, no Grande Recife. Agora é em homenagem a São Pedro, saindo da capela que leva o nome do santo, na Ponta da Air France.

Mesmo pequena, capela de São Pedro é palco de inúmeros casamentos. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Madeira da cruz em frente à capela é ecológica. Foto: Luiz Pessoa/NE10

A celebração na ilha é no dia 29 de junho e acontece há 45 anos, por iniciativa de pescadores. “Os turistas participam bastante”, afirma o padre.

O ritual começa às 9h, na parte externa da capela, que é pequena e com vista privilegiada dos dois mares da ilha, de dentro e de fora. A imagem do santo é, então, levada em procissão aos barcos que aguardam no porto. Com todos os tripulantes acomodados, é hora de seguir até a Ponta da Sapata, o outro extremo de Noronha e retornar para um grande almoço na capela. O prato: peixes do arquipélago.

A capela também é um dos principais locais escolhidos para casamentos. “É o sonho de consumo de muitas noivas”, afirma o padre. “Sigo o ritual da igreja. Na capela é mágico porque geralmente acontece fora, com o por do sol de fundo e a natureza como cenário.” Normalmente, as missas na igrejinha também são ao por do sol, às 18h, de segunda a sábado.

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