Do semiárido, mocós fizeram de Noronha a própria casa

Mocós formam tocas nas pedras, onde vivem em grupos familiares. Foto: Luiz Pessoa/NE10Mocós formam tocas nas pedras, onde vivem em grupos familiares. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Pequenos roedores de pelo em tons de cinza e marrom encantam muitos visitantes que têm a oportunidade de vê-los pelas encostas rochosas de Fernando de Noronha. Eles são os mocós, mamíferos introduzidos na ilha na década de 1960, trazidos do semiárido nordestino.

De pelo em tons de marrom e cinza, mocós se camuflam entre as rochas. Foto: Luiz Pessoa/NE10

De pelo em tons de marrom e cinza, mocós se camuflam entre as rochas. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Esses animais, de nome científico Kerodon rupestris, são mamíferos com grandes dentes frontais que saltam e escalam muito bem. Como os coelhos, têm rabo curto. A semelhança com os ratos está nas orelhas, pequenas e arredondadas. A alimentação é baseada em frutos e raízes.

Os mocós têm reprodução ao longo de todo o ano, com pico nos meses de verão, de menos chuva. Após o cruzamento entre macho e fêmea, ela engravida e, 30 dias depois, nascem de quatro a oito filhotes. Com um mês e meio de idade, os pequenos animais já podem se alimentar sozinhos, caminhar e têm o corpo todo coberto de pelos. Aos cinco meses, estão sexualmente ativos.

As mães já são férteis logo após o nascimento dos bebês. Isso fez com que a população desses fofos mamíferos aumentasse a ponto de transformá-los em uma praga biológica na ilha – ou seja, são tantos indivíduos que não há mais equilíbrio na cadeia alimentar.

De acordo com a bióloga Maria de Lourdes Alves, da Administração de Fernando de Noronha, há pesquisadores estudando formas de reduzir o número de habitantes, já que o problema afeta o ecossistema, as formações rochosas e as fortificações históricas da ilha, desgastadas pelos roedores. Mas a especialista ressalta que os próprios animais fazem o controle natural. “Quando população fica muito grande, os machos adultos comem os filhotes, fazem canibalismo”, explica.

Mocós conseguem se reproduzir a cada 30 dias, em média. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Mocós conseguem se reproduzir a cada 30 dias, em média. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Os mocós vivem em pequenas famílias e fazem suas tocas principalmente nas encostas do Mar de Dentro, como a que há na Praia do Sancho e na Baía dos Porcos. É para lá que correm na presença de humanos, por se sentirem ameaçados. Porém, não há perigos para os visitantes. “Eles não atacam, são muito amistosos”, afirma a bióloga.

Esses mamíferos foram levados para Noronha com o objetivo de ser caçados pelos militares que moravam na ilha para a alimentação. Com a criação da área de preservação ambiental, em 1988, passou a ser proibido matar todos os animais selvagens, incluindo os mocós.

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