Poucos são os que saem de lá sem se apaixonar por elas. Simpáticas, as mabuias, de nome científico euprepris atlanticus, estão por toda parte de Fernando de Noronha, tornando-se símbolo da ilha para muitos visitantes – como mostram os perfis de muitos deles nas redes sociais. Esses répteis extremamente dóceis são endêmicos e, embora tenham chegado lá há mais de 500 anos, passaram por grandes adaptações até chegar ao genoma atual, só encontrado no arquipélago.
Não é raro vê-las próximas aos turistas, entrando em bolsas e chapéus. Mas, calma, esses animais não são nocivos. “As mabuias têm excelente convivência com o ser humano. Não são predadas pelo homem, então não o enxergam como inimigos”, explica a bióloga Maria de Lourdes Alves, que atua na administração do arquipélago. E há explicação até para o hábito, digamos, enxerido: as mabuias costumavam ser alimentadas com bolos e pães pelos visitantes.
Porém, isso foi proibido por lei. Como animal selvagem, embora seja adaptada a ambientes urbanos, as mabuias são protegidas em toda a área de Noronha. Quem insiste em alimentá-las pode pagar de R$ 500 a R$ 5 mil de multa. Para os que têm coragem de matar o animal, a penalidade varia de R$ 500 a R$ 10 mil.
Vivendo na natureza, as mabuias costumam comer pequenos insetos e frutos. Não têm dentes nem veneno.
A reprodução desses répteis acontece geralmente de julho a janeiro, período também mais visitado na ilha. É simples: macho e fêmea acasalam, ela gera um ou dois ovos e põe dentro de cavidades de pedras, em lugares secos. Aproximadamente um mês depois, uma nova mabuia – ou duas – nasce, exatamente igual aos animais adultos. De fevereiro a junho, meses de chuva, são vistos poucos filhotes.
As mabuias não só parecem lagartixas de cor escura e pintadas por bolinhas claras, mas têm uma característica das colegas do continente: a capacidade de regeneração da cauda. “É usada como defesa. Quando o animal se sente ameaçado, solta a cauda”, afirma a bióloga. Os dois principais predadores são gatos e garças.